Comércio do Rio deixou de faturar 90% de um dia comum
A chuva mais forte dos últimos 44 anos na região metropolitana do Rio de Janeiro, que deixou mais de uma centena de mortos e desabrigados nesta terça-feira (6), causou prejuízos à economia local, que levará alguns dias para se recuperar. Somente o comércio da capital, de acordo com a Associação Comercial do Rio de Janeiro, […]
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A chuva mais forte dos últimos 44 anos na região metropolitana do Rio de Janeiro, que deixou mais de uma centena de mortos e desabrigados nesta terça-feira (6), causou prejuízos à economia local, que levará alguns dias para se recuperar.
Somente o comércio da capital, de acordo com a Associação Comercial do Rio de Janeiro, estima que deixou de faturar R$ 170 milhões na terça – 90% de um dia comum – por conta dos estabelecimentos que permaneceram com as portas fechadas e, no caso daqueles que abriram, em razão do baixo número de clientes.
“A cidade ficou paralisada, foi praticamente um feriado. Uma parte das lojas até abriu, mas não tinha clientes”, conta Aldo Gonçalves, presidente do Conselho Empresarial de Comércio de Bens e Serviços da associação. “Os poucos estabelecimentos que abriram foram os ligados a alimentos e medicamentos”, completa.
Segundo Gonçalves, não há ainda informações sobre prejuízos no comércio em razão de desmoronamentos e alagamentos, somente se sabe o que se deixou de vender. Ele completa que também os autônomos, como taxistas e prestadores de serviço, foram prejudicados, mas não é possível mensurar quanto deixaram de faturar.
Indústria
A indústria, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), ainda não tem estimativas de quanto perdeu, mas já tem indicativos de que houve um “prejuízo grande”. Algumas indústrias não funcionaram e outras tiveram redução de até 40% na produção diária.
O gerente de relações empresariais da Firjan – entidade que reúne 10 mil empresas do estado -, Alberto Eduardo Besser, informou que a entidade fez uma pesquisa prévia na terça para tentar identificar os impactos da chuva na região metropolitana. Foram ouvidos empresários das áreas química, gráfica, de móveis, alimentos e bebidas, metal-mecânica e da área de construção civil.
Besser destaca que foram detectadas três linhas de prejuízo. “A primeira é a diretamente voltada para operação fabril, já que algumas empresas pararam totalmente por falta de funcionários.
Outras tiveram queda da produção diária em até 40% e vão levar até cinco dias para retomar o ritmo. Também detectamos empresas em que a produção funcionou, mas a administração permaneceu parada, o que impacta a realização de negócios. E, por último, o aspecto logístico, já que muitos deixaram de receber matéria-prima e enviar mercadoria.”
A estimativa da Firjan é de contabilizar os dados de prejuízo para a indústria nos próximos dias. De acordo com Besser, ainda não há relato de empresas que tiveram prejuízos econômicos por conta de alagamentos ou deslizamentos.
Agricultura
Mesmo a agricultura e a pecuária, cuja produção não está na área mais afetada pelas chuvas, também estima perdas, conforme a Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio de Janeiro (Faerj). Isso porque muitos produtores do interior não conseguiram chegar ao principal ponto de comércio do estado, o Ceasa.
“Não tivemos prejuízo na área agricultada, mas nos equipamentos de comercialização, por impossibilidade de acesso. E perdemos produtos, dada a pericibilidade, um dia sem vender faz muita diferença”, afirma Rodolfo Tavares, presidente da Faerj.
A Associação de Produtores Rurais de Hortifruti do Estado do Rio de Janeiro (Apherj) confirmou que houve prejuízo. “Muitos não conseguiram chegar no Ceasa e quem chegou teve que voltar com a mercadoria”, afirmou o presidente da entidade, Delci Resende da Silva. Ele estima que alguns produtores tiveram até 80% de queda na comercialização.
No Ceasa, segundo Valdir Lemos, presidente da associação de comerciantes, as vendas foram cerca de 40% menores do que um dia comum. “As vendas foram muito fracas porque teve supermercado que nem abriu ontem. Mercadoria tinham, embora alguns produtores chegaram com atraso. Não tinha quem comprasse.”
Mesmo com a queda nas vendas, os comerciantes de hortifruti pretendem se reunir para ajudar as famílias afetadas pelas chuvas, de acordo com o presidente da Acegri. A associação está arrecadando doações e a Defesa Civil deve fazer as entregas.
Casos reais
A empresária Alcilene Santos, dona da Vimold, empresa de vidros e molduras em Niterói, diz ter sentido na pele o prejuízo em razão da chuva de terça. “Tenho mais de 50 funcionários, mas ontem só viemos eu e mais quatro. Eles avisaram que não conseguiriam chegar e tivemos que fechar. Foi um prejuízo grande porque tínhamos serviços agendados que não foram realizados. E com isso vai atrasando os dias seguintes também. É o nome da firma que está em jogo”, lamenta.
Segundo Alcilene, a estimativa é de que esse único dia acarrete em perdas de 10% no faturamento mensal. “Hoje ainda não está normal, estamos operando com 70% da força de trabalho. Vai demorar uma semana para normalizar”, conta.
Eudair Galhano dos Santos, dono da Santos Comércio e Indústria de Ovos de Codorna, em Niterói, teve prejuízos mais graves. Segundo ele, parte da loja foi invadida pelo barro e a maioria da mercadoria foi perdida. Ele diz que ainda não conseguiu contabilizar os prejuízos. “A primeira coisa, devido à higiene, é tirar o barro. Até terminar vai levar uma semana para voltar a trabalhar. Até agora não tive cabeça para calcular a perda financeira”, diz.
O casa de Eudair fica ao lado do estabelecimento e também foi invadida pelo bairro. “Minha mãe quase morreu, perdemos tudo e estamos tirando barro de dentro de casa. A situação está crítica”, diz o empresário.
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