Marli Nogueira, 36, cria dois filhos menores sozinha; ela cata o “lixo dos ricos” todos os dias desde que foi abandonada pelo marido, que não paga alimentícia. Vale renda ajuda ela comprar comida e a pagar a luz da casa

”Hoje mesmo vou levar meio litro de óleo de cozinha para fazer comida e uma mesa quebrada para os meus filhos estudarem . Tem coisas que são jogadas fora com serventia”, essas são as palavras da catadora de lixo, Marli de Jesus Nogueira, de 36 anos, que tem uma árdua jornada de trabalho. Ela sai revirando as lixeiras dos condomínios ricos próximos do Jardim Noroeste, onde mora em um barraco de madeira. Ela é o carro chefe da família e sustenta os três filhos com a venda dos materiais recicláveis. Marli cata papel, latinhas, papelão e ásticos e, com isso, cria os três filhos com apenas R$ 370 por mês.

“ Pego o meu carrinho e vou para os bairros Maria Aparecida Pedrossian, Tiradentes e Jardim Noroeste. Cato tudo e volto para a casa somente à noite. Ajunto uns dez bags e vendo todos os sábados, ganho uns R$ 60 por semana, dinheiro que me ajuda mesmo e o vale renda que recebo R$ 130 por mês por causa dos meus filhos que estudam. Também não compro nada para mim. É só uma comida uma roupa e acabou. Moro em uma peça, uma casa de madeira que é cedida por uma amiga. Pago R$ 25 de energia elétrica e a água faço um gato”, afirma Marli.

Marli não recebe a pensão dos filhos e o ex-marido acabou casando com a tia dela. “Fico até com vergonha de falar isso. Mais o pai dos meus três filhos casou com a minha tia. Ele não paga pensão porque não quer. Nunca fui à justiça e nem vou. Ele mora perto de casa se ele quisesse poderia ajudar os filhos mais ele não quer e também não peço nada”.

Separada do marido há três anos ela alega que o filho mais velho ficou frustrado com a separação e das necessidades que passava em casa e acabou indo preso por roubo. “O meu filho mais velho tem 19 anos e está preso no Instituto Penal por roubo. Foi na onda de amigos que roubavam. Ele percebeu que estava faltando tudo em casa e achava que a melhor forma era esse caminho. Foi fraco e está preso agora. Já tem cinco meses que está lá. Vou visitar ele todos os domingos.

A catadora de lixo trabalha todo o domingo à noite após chegar do Presídio Instituto Penal. E não gosta de trabalhar no aterro sanitário do Jardim Leon pelo fato dos Conselhos Tutelares não deixar que as crianças entrem no aterro. “E é o seguinte não tenho com quem deixar os meus filhos. Um já está preso e estou com os dois [um de 14 anos que está estudando na 5° série no período da tarde e o outro menino tem 7 anos que estuda na 1° serie no período da tarde. Então de manhã estou com um e a tarde estou com outro filho. Ela pega varias coisas que fica no lixo e leva para a casa. Hoje mesmo vou levar meio litro de óleo e uma mesa quebrada para os meus filhos estudarem . Tem coisas que são jogadas fora e que tem serventia”. Marli luta para que os filhos virem médico ou advogado. “Não quero que os meus filhos catem lixo para o resto da vida. Quero que eles cresçam e faça uma faculdade de Direito ou de Medicina ou algum concurso”.

Serviço – Para ajudar: 9202 66 87Rua Borborema número 100, na esquina com a Rua Perdiz, Marilza