Disposta a evitar novas crises no Palácio do Planalto, a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), vai repaginar a Casa Civil e fortalecer a Secretaria-Geral da Presidência. A ideia é ajustar o chamado “núcleo duro” do governo para que a Casa Civil deixe de ser um latifúndio e a articulação política ganhe musculatura.

Nesse novo desenho, a Secretaria de Relações Institucionais – hoje responsável pelas negociações com o Congresso – pode ser extinta e suas funções, abrigadas por outro ministério, como a Casa Civil ou a Secretaria-Geral. No modelo em estudo, porém, a Casa Civil perde atribuições executivas, a partir de 2011. Programas especiais serão coordenados pela própria Dilma, que pretende montar um time de assessores especiais no Planalto.

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, um dos principais coordenadores da campanha, será reabilitado no novo governo do PT e terá papel de destaque. Comandante da economia no primeiro mandato do presidente Lula, ele caiu em março de 2006 após o escândalo envolvendo a quebra de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Palocci chegou ao comitê de Dilma como homem indicado por Lula, mas encerrou a maratona eleitoral na condição de mais próximo interlocutor da petista. Sem experiência na seara política, Dilma recorrerá a ele para as articulações de bastidor.

Dilma já disse a amigos, porém, que não quer saber de “homem forte” ou “primeiro-ministro”. O cargo a ser ocupado por Palocci segue indefinido. Ele tanto pode ir para a Casa Civil como para a Secretaria-Geral da Presidência, dependendo da configuração a ser adotada na “cozinha” do governo.

Na prática, Palocci representa para Dilma o que o empresário e vice José Alencar foi para Lula, em 2002. O deputado virou uma espécie de salvo-conduto: aproximou a então candidata principalmente de banqueiros e empresários do setor exportador