Aliados do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), defendem que a coordenação de campanha presidencial tucana seja dividida com um homem de confiança do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). O nome mais lembrado pelos serristas é o do secretário de Governo de Minas, Danilo de Castro. A sugestão seria uma tentativa de tirar Serra da inércia. Potencial concorrente à Presidência da República, ele resiste em fazer movimentos internos ou externos por sua candidatura, o que tem criado obstáculos aos tucanos para pensarem em qualquer estrutura da corrida eleitoral.

Depois que Aécio anunciou sua candidatura ao Senado, o PSDB passou a se dedicar à construção da chamada unidade entre os dois governadores. A preocupação é o mineiro desembarcar da corrida presidencial e não contribuir com a disputa pelo Palácio do Planalto, uma vez que Minas é o segundo colégio eleitoral do país, atrás de São Paulo. Uma das formas de reverter esse temor seria, na avaliação de tucanos, Serra fazer um gesto de aproximação a Aécio.

A jogada foi pensada para manter acesa a tese de ter o político mineiro como vice na chapa. O problema é que, como Serra não se mostra como candidato, cessaram as conversas entre os dois sobre a corrida presidencial. “Ele tem muita coisa para fazer com as enchentes em São Paulo. Não dá tempo de pensar em eleição”, ironizou um político mineiro.

Na avaliação de aliados, não bastaria apenas o governador paulista colocar na linha de frente um homem de Aécio. Serra também teria que dar voz ao subordinado, tomando cuidado para não escanteá-lo. Segundo tucanos, esse é o principal problema do governador paulista, que tende a centralizar decisões em seu núcleo de pessoas mais próximas.

Itamar Franco descarta ser vice de Serra Desde que Aécio anunciou sua intenção de disputar o Senado, Serra não o procurou para conversar. Não bastasse isso, o paulista, dizem os tucanos, fechou-se para conversas políticas sobre eleição a pessoas fora de seu núcleo. Seus únicos movimentos pela candidatura são comentários sobre o papel propositivo, e não de ataque, que um candidato de oposição deve ter em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Babaca”

A pré-campanha acabou pegando fogo graças às palavras ríspidas das cúpulas de PT e PSDB, cujo ápice foi o presidente Lula dizendo que o senador Sérgio Guerra (PE), presidente tucano, é um “babaca”. Serra saiu incólume dessa briga. Os tucanos concordam que o governador paulista não deve entrar em rinhas políticas, mas defendem a necessidade de ele ter postura mais pró-ativa. O exemplo citado é o da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que, mesmo não se assumindo candidata, tem postura de concorrente ao Palácio do Planalto ao dar declarações, participar de eventos públicos e andar Brasil afora promovendo ações do governo.

A oposição reagiu ontem novamente e entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a suposta campanha antecipada que Lula e Dilma promovem pelo país. PSDB, PPS e DEM os acusam de transformar a cerimônia de inauguração da sede do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados de Empresas de Processamento de Dados do Estado de São Paulo em palanque eleitoral.

1 – Chapa puro-sangue

Apesar de o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, assumir-se como candidato ao Senado, aliados de José Serra ainda apostam na possibilidade de ele ser vice na chapa que disputará o Palácio do Planalto, formando a “chapa puro-sangue”. Os serristas ficaram ainda mais animados quando o mineiro classificou “só a morte” como “irreversível” quando questionado sobre sua decisão de abandonar a corrida presidencial.