Candidatos a sargento da PMMS estranham questões plagiadas e discutidas em cursinho antes da prova

Prestes a completar um mês do teste, ninguém sabe ao certo quem formulou prova do processo seletivo interno, que tinha cinco questões já aplicadas em concursos, inclusive para candidatos com nível superior.

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Prestes a completar um mês do teste, ninguém sabe ao certo quem formulou prova do processo seletivo interno, que tinha cinco questões já aplicadas em concursos, inclusive para candidatos com nível superior.

Candidatos que se inscreveram para processo seletivo interno do Curso de Formação de Sargento (CFS) da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, depois de terem quatro questões anuladas sem uma justificativa oficial do motivo, apontam que as mesmas eram plágio de outros concursos. Segundo as denúncias, um cursinho preparatório de Campo Grande teria inclusive discutido as perguntas com alunos que se praparavam para a prova. A dúvida é: coincidência ou não.

A reportagem teve acesso aos textos das quatro questões que, segundo um aluno do cursinho, foram explicadas na sala. Segundo ele, tem o mesmo teor das questões anuladas que já foram aplicadas em concursos nacionais, inclusive para nível superior, como é o caso das de número 75, 76, que caíram em prova para Promotor de Justiça no Pernambuco e Defensor Público, no Maranhão, respectivamente.

O processo seletivo interno estadual para sargento era de nível médio. Outra questão “sob desconfiança”, a de número 78, também é apontada como plágio, mas não foi anulada. Essa já foi aplicada no concurso do TRT- 24ª Região, Técnico Judiciário – 2006, com material elaborado pela Fundação Carlos Chagas. Há quatro anos ela foi numerada como sendo a 14 e fazia a mesma pergunta: “No que tange à inviolabilidade da casa durante a noite”, e eram cinco alternativas (de “a” até a “e”).

Alguns candidatos fizeram consulta na internet depois do processo seletivo e acabaram descobrindo questões aplicadas pela PMMS, que já estavam postadas na internet há aproximadamente um ano. Uma delas é a de número 75, que foi pergunta para concurso de Promotor de Justiça no estado do Pernambuco. Na página 81 do concurso pernambucano, na parte sobre Direitos Difusos e Coletivos, foi perguntado sobre a Lei Maria da Penha. A mesma questão e alternativas estavam na prova sul-mato-grossense.

Um candidato que fez a prova, aplicada em 24 de outubro deste ano, revela que fez curso preparatório em cursinho que fica no bairro Santo Antônio, na Capital e que o teor das cinco questões plagiadas foram discutidas em sala. Ele afirma que as questões de número 75, 76, 78, 96 e 98 já foram aplicadas e, inclusive, as alternativas foram mantidas na mesma sequência.

O responsável geral pelo cursinho, que pediu para não ser identificado sob a alegação de não ter vínculo com quem preparou o conteúdo da prova, acredita que os candidatos que estão reclamando são exatamente aqueles que não tiveram êxito no processo seletivo.

“Pode ter até 40% de questrões não inéditas. Não sei o que estão querendo dizer sobre o conteúdo do cursinho com o processo seletivo, afinal de contas tínhamos 100 alunos e passaram 20. Se soubéssemos o que tinha na prova, a lógica seria termos todos aprovados”, diz.

A reportagem recebeu até o fechamento desta matéria, cinco reclamações de candidatos que se sentiram lesados com a prova da PMMS. Já o presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), Edmar Soares da Silva afirma que nenhum associado que fez o processo seletivo o procurou para pedir auxílio jurídico. “Nosso associado pode nos procurar que terá informações”, resume.

Uma das dúvidas dos candidatos é sobre quem formulou as questões do processo seletivo interno. Alguns foram informados que foi a Escola de Governo, porém assessoria de imprensa informou que não. Por não ter caráter de concurso público, a elaboração ficou por conta do próprio Comando Geral da Polícia Militar. No edital traz apenas informação sobre a realização da prova “1.6 – Da Realização 1.6.1 – O Processo Seletivo Interno será realizado pelo Comando-Geral da PMMS, regido por este Edital e coordenado pela Diretoria de Pessoal (DP) e 3ª Seção do EMG”.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar dá outra versão sobre quem fez a elaboração do processo seletivo e aponta a Escola de Governo, como a “autora” das questões.

A assessoria de imprensa do governo estadual informou que buscou informações na Secretaria Estadual de Administração, Comando Geral da Polícia Militar, Escola de Governo e nenhum deles assumiu a autoria da prova e também não souberam informar quem foi.

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