Campanha de Serra tenta evitar o anti-Lula, mas se apoia na critica ao governo

O lançamento da pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência no sábado (10) mostrou que a campanha eleitoral deve mesmo ganhar ares de plebiscito dos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que a contragosto de muitos tucanos. Durante discurso, Serra chegou a dizer que não aceita “o raciocínio do nós […]

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O lançamento da pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência no sábado (10) mostrou que a campanha eleitoral deve mesmo ganhar ares de plebiscito dos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que a contragosto de muitos tucanos.

Durante discurso, Serra chegou a dizer que não aceita “o raciocínio do nós contra eles”, tentando desvincular a sua candidatura de uma campanha contra a atual gestão, mas recheou sua fala com críticas indiretas ao governo do petista.

A tática de “bater para depois assoprar” também foi seguida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula no cargo. Ele reconheceu os avanços alcançados pelo petista e disse que Serra também “saberá reconhecer”.

O ex-presidente declarou ainda que tem certeza que Serra saberá reconhecer o que já foi feito, inclusive pelo governo atual. “Não somos daqueles que cospem no prato que comeu. Mas depois emendou duras críticas em clara referência ao escândalo do mensalão, que atingiu o governo Lula em 2005.  O Brasil cansou da arrogância, do desrespeito à lei, de uma autoconfiança ilimitada. O Brasil quer lei, quer ver o malandro que roubou na cadeia. O Brasil cansou de ver pessoas responsáveis passando a mão na cabeça de todo mundo como se fosse generosidade, quando na verdade é um incentivo ao desrespeito à lei”, enfatizou FHC.

Para Roberto Freire, presidente do PPS, partido que integra a aliança pró-Serra, o discurso de que o tucano é o anti-Lula é inválido e que os avanços do atual governo devem ser compartilhados com todos. “Ninguém pode fazer a campanha do “anti”. Você ganha despertando expectativas e esperanças, não porque você é contra ou porque se opõe. Eu tenho clareza que o Brasil é fruto de gerações de brasileiros, não é fruto de nenhum governo e de ninguém. Se tenho essa visão não posso ser contra, sou a favor do Brasil. É preciso acabar com esse mito do pós-Lula. Evidentemente que somos [pós-Lula], até porque não podemos ser pré”, declarou Freire. 

Diante dos altíssimos índices de aprovação de Lula, o presidente do PSDB e coordenador-geral da campanha de Serra, senador Sérgio Guerra (PE), concorda com Freire e diz que é preciso pensar para frente, não para trás. “Ninguém salvou o Brasil coisa nenhuma. O Brasil não estaria nessa posição positiva se o presidente Itamar [Franco] e o FHC não tivessem a coragem de implantar o plano Real. O desafio crucial agora, para todos nós brasileiros, é o de saber como vamos acelerar, com sustentabilidade, uma nova fase de prosperidade para o país”.

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