Caçadores de onças também atuavam como mercenários, diz PF

Investigação da Polícia Federal aponta que membros do grupo especializado em caçar onças no Pantanal, também atuavam como mercenários. Segundo o delegado Alexandre do Nascimento, responsável pelo inquérito, os caçadores eram contratados por fazendeiros da região para matar os animais que costumavam provocar prejuízos aos rebanhos bovinos. “Fazendeiros, principalmente aqui do Est…

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Investigação da Polícia Federal aponta que membros do grupo especializado em caçar onças no Pantanal, também atuavam como mercenários. Segundo o delegado Alexandre do Nascimento, responsável pelo inquérito, os caçadores eram contratados por fazendeiros da região para matar os animais que costumavam provocar prejuízos aos rebanhos bovinos. “Fazendeiros, principalmente aqui do Estado, contrataram algumas destas pessoas para matar o animal. E isso foi comprovado durante as investigações”, afirmou o delegado ao Diário.

Batizada de Operação Jaguar, a ação foi deflagrada em Curitiba, Cascavel e Corbélia, cidades do Paraná; em Rondonópolis, Mato Grosso; Miranda e Bodoquena, em Mato Grosso do Sul e resultou na prisão de 11 pessoas, incluindo quatro argentinos e um paraguaio detidos em flagrante. Outras três pessoas estão foragidas. Entre elas, o taxidermista que empalhava os animais e enviava os “troféus” para os caçadores, inclusive na Europa.

Toda a operação foi coordenada de Corumbá, onde começaram as investigações. Durante quase um ano, o grupo foi monitorado pelos agentes da PF. Ficou constatado que eles traziam europeus e sul-americanos ao Pantanal, especificamente para caçar a onça, um dos maiores felinos das Américas. Só o chefe da quadrilha, Eliseu Augusto Sicoli, é acusado de ter matado 28 animais no ano passado. “Com os demais integrantes podemos calcular mais de 100 mortes”, estimou o delegado.

Sicoli é apontado como dono de uma empresa especializada em organizar safáris na África. “Assim ele conseguia recrutar seus clientes, que pagavam até 1.500 dólares pela caça”, continuou Alexandre Nascimento. Segundo as investigações, este seria um hobby do chefe da quadrilha que passou a ser aproveitado também para ter lucro. “Se a pessoa quisesse levar o couro como troféu, era cobrado mais. Isso (US$ 1,5 mil) incluía só o translado, o guia até o local de caça e as armas”, detalhou o delegado.

Com mais de 20 anos de atuação, o grupo levantou suspeita depois que passou a organizar safáris pelo Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. “A caça esporádica de um ou outro animal é bem difícil de ser constatada. Ultimamente eles estavam arrecadando o couro para empalhar e exibir como troféu da caçada. Fora isso, eles tiravam fotos e ateavam fogo na carcaça”.

Segundo o delegado responsável pelo inquérito, boa parte do grupo é de pessoas com alto poder aquisitivo. “Retirando os mercenários e guias, o pessoal que participa das caçadas, e o chefe da quadrilha, são de boa situação financeira”, completou. Mais de 60 armas de grosso calibre e de uso restrito foram encontradas com os acusados.

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