Brasil volta a cair em ranking de igualdade entre sexos

Apesar de avanços, brasileiras têm pouca voz na política Nos últimos cinco anos, o Brasil caiu consistentemente em um ranking de igualdade entre os sexos elaborado pelo Fórum Econômico Mundial – e a situação se repetiu neste ano de 2010. Segundo o estudo, divulgado nesta terça-feira, o Brasil ficou na 85ª posição entre 134 países […]

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Apesar de avanços, brasileiras têm pouca voz na política

Nos últimos cinco anos, o Brasil caiu consistentemente em um ranking de igualdade entre os sexos elaborado pelo Fórum Econômico Mundial – e a situação se repetiu neste ano de 2010.

Segundo o estudo, divulgado nesta terça-feira, o Brasil ficou na 85ª posição entre 134 países pesquisados, quatro postos abaixo do ranking do ano passado. Em 2006, o país detinha a 67ª posição.

“O Brasil caiu ainda mais neste ano devido a pequenas perdas na educação e na participação política, assim como ao avanço de outros países”, justificaram os autores do relatório.

No quesito educacional, a taxa de matrícula das meninas na educação primária, embora considerada alta, permanece abaixo da dos meninos (93% para meninas, 95% para os meninos).

Na economia, a participação das mulheres na força de trabalho (64%) ainda é “bastante abaixo” da dos homens (85%). Além disso, a renda estimada das mulheres equivale a apenas 60% da dos homens (US$ 7.190 contra US$ 12.006).

Em outros quesitos relativos à economia e à participação política, o Brasil detém alguns dos piores indicadores do mundo.

“A percepção de igualdade salarial para trabalhos similares é uma das piores do mundo (123º lugar) e tem caído nos últimos constantemente nos últimos três anos”, afirma o estudo.

“Por fim, com as mulheres detendo apenas 9% das cadeiras no Legislativo e apenas 7% dos cargos ministeriais, o Brasil pontua muito pouco nesses indicadores (108º lugar e 102º lugar, respectivamente).”

No subquesito participação política, o Brasil aparece no 112º lugar, menos de 20 posições à frente da Arábia Saudita e quase cem atrás do país latino-americano mais bem colocado, a Costa Rica.

Considerando todos os indicadores, entre 32 países do relatório considerados de renda médio-alta, o Brasil fica na 21ª posição. O grupo é encabeçado por África do Sul, Cuba, Namíbia, Costa Rica e Argentina.

Panorama mundial

O relatório é elaborado ano a ano pelo Fórum Econômico Mundial há meia década. Dos 114 países que foram analisados em todos os cinco anos passados, o estudo indicou que em 86% dos países acompanhados houve uma redução da desigualdade entre os sexos, enquanto que nos outros 14% houve um aumento.

Os nórdicos – Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia – continuam liderando a lista, mas os maiores avanços relativamente à sua posição anterior foram registrados em Angola, Bangladesh e os Emirados Árabes.

“Observamos que a desigualdade entre homens e mulheres está diminuindo na saúde e na educação. Nos 134 países pesquisados, 96% das desigualdades na saúde e 93% das desigualdades na educação foram superadas. E, no entanto, apenas 60% das desigualdades em termos de participação econômica foram superadas”, disse o co-autor do estudo, Ricardo Hausmann, do Centro para o Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard, nos EUA.

Ele disse que é preciso “encontrar meios de tornar o casamento e a maternidade compatíveis com a participação econômica das mulheres”.

Costa Rica foi país latino-americano que mais pontuou no quesito político

Para os autores do relatório, o estudo “demonstra que superar as desigualdades provê as bases para uma sociedade competitiva e próspera”.

“Independentemente do nível de renda, os países podem escolher integrar a igualdade de gêneros e outros objetivos de inclusão social em sua agenda de crescimento – e ter o potencial de crescer mais rapidamente – ou correr o risco de reduzir o seu potencial de competitividade por não capitalizar plenamente metade de seus recursos humanos.”

Nas palavras do relatório, “o incentivo econômico para superar as desigualdades na saúde, educação, oportunidade econômica e poder político é claro”.

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