O Brasil registrou 6.438 casos graves de dengue – febre hemorrágica e com complicações – de janeiro até 1º de maio. Desse total, 321 pessoas morreram. A taxa de letalidade do país é de 5%, percentual cinco vezes acima do tolerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como mostra o último levantamento feito pelo .

A Região Sudeste foi a que registrou o maior número de casos graves (3.302) e de mortes (140), seguida pelo Centro-Oeste (1.962 e 102), pela Nordeste (583 e 30) e pela Norte (497 e 43). A Região Sul foi a que teve menos registros de casos graves (71) e mortes (6).

De acordo com o ministério, o aumento de casos em 2010 pode estar relacionado à circulação do vírus tipo 1, que esteve presente com maior intensidade na década de 90 e voltou a predominar em alguns estados no final de 2009. Desde que foi detectada a recirculação do tipo 1, o ministério alertou os estados para o risco de epidemias, devido ao contingente de pessoas vulneráveis a esse vírus.

Em 2010, o vírus tipo 1 já foi identificado em 21 estados e no Distrito Federal. São eles: Rondônia, Acre, Roraima, Pará, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, , Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, , São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

No Brasil, circulam os sorotipos 1, 2 e 3. Não há registro do sorotipo 4 no país até o momento. Os sintomas da doença são iguais para os três tipos, porém a circulação ocorre de forma diferenciada entre os estados. O Ministério da Saúde alerta que quando um indivíduo contrai a doença por um dos sorotipos, fica imunizado apenas contra aquele tipo. Ou seja, posteriormente, a pessoa pode ser novamente infectada, desta vez por outro sorotipo. Além disso, quando o paciente contrai a doença mais de uma vez, aumenta o risco de desenvolver formas graves de dengue.

Sem citar números, o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do ministério, Giovanini Coelho, disse que amostragens constataram que a maioria dos casos de dengue foram provocados pelo tipo 1. A piora do quadro da doença, em 2010, é resultado também do aumento da temperatura e das chuvas. Outros fatores são o acúmulo de lixo e irregularidade na distribuição de água em muitos municípios.

O número de casos no país, neste ano, já ultrapassa a casa dos 700 mil – 120% a mais em comparação ao mesmos meses de 2009. Coelho não confirma se esta é a pior epidemia de dengue já vivida no Brasil, pois os dados são preliminares. A expectativa do coordenador é uma queda na quantidade de casos a partir de julho, quando termina o período sazonal da doença. “Não há previsão de um pico em agosto”, disse.

Para evitar novos casos, o coordenador afirma que os municípios e estados devem intensificar as ações de combate traçadas no ano passado, dentre elas, a aplicação de inseticidas e compra de remédios. Segundo Coelho, muitas regiões ainda estão em fase de implantação das diretrizes de combate à doença.