Brasil enfrentou bem a atual crise, diz Meirelles

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje (13), em São Paulo, que mudanças implementadas após o fim da crise bancária que desestabilizou o país em 1994 permitiram que o Brasil lidasse de forma eficaz com a mais recente crise financeira mundial. “Todos sabem que o enfrentamento de uma crise não se dá […]

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O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje (13), em São Paulo, que mudanças implementadas após o fim da crise bancária que desestabilizou o país em 1994 permitiram que o Brasil lidasse de forma eficaz com a mais recente crise financeira mundial.

“Todos sabem que o enfrentamento de uma crise não se dá no momento em que ela começa, mas, sim, quando termina a última [anterior]”, afirmou Meirelles, referindo-se à turbulência por que passou o setor bancário e que levou o governo federal a instituir, em novembro de 1995, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer), iniciativa adotada para salvar da falência bancos com problemas de liquidez.

O presidente do BC esteve na abertura do 5º Seminário sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária.

“[A partir do fim da crise bancária] O Brasil começou a construir a atual estabilidade [financeira], na medida em que as regras e, principalmente, a abordagem de fiscalização do Banco Central foram sendo alteradas. Até então, o governo federal normatizava o sistema financeiro com vistas a atingir finalidades macroeconômicas.

Não havia uma abordagem prudencial. Isso foi sendo gradualmente alterado e, nos últimos anos, passamos a priorizar a prevenção de riscos e a estabilidade do sistema”, comentou Meirelles, citando algumas das medidas ‘macroprudenciais’.

“A estabilidade financeira é uma medida. A constituição de reservas é outra. [Graças a elas] No momento em que houve a crise de 2008, o Banco Central teve a capacidade de emprestar dinheiro em dólares às empresas com dificuldades de obter financiamentos externos”, declarou Meirelles, destacando que, às vésperas da última crise, as reservas internacionais brasilerias superavam os US$ 200 bilhões, o que tornava o Brasil menos vulnerável à crise internacional.

“Tínhamos recursos e os agentes sabiam que os tínhamos. E mesmo que, como muitos outros países, pudéssemos depositar reais na conta do FED [Federal Reserve Bank, o Banco Central norte-americano], para recebê-los em dólares, não tivemos necessidade de usar essa linha”, afirmou.

Meirelles disse que, graças à política adotada pelo BC durante a crise internacional financeira, deflagrada no final de 2008, o Brasil é, hoje, considerado, internacionalmente, um modelo de gestão.

“O desempenho do Brasil na crise foi um dos melhores e mais eficazes. Tivemos a mais curta recessão entre todos os países, saindo dela em apenas cinco meses. Portanto, o modelo de enfrentamento de crise adotado pelo Banco Central, não só por seus resultados, mas também por sua eficácia técnica, é considerado, não só no âmbito dos demais bancos centrais, mas, inclusive, em relatório do Fundo Monetário Internacional [FMI], como modelo de enfrentamento de crise”, disse o presidente do BC.

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