Bovespa acompanha exterior e cai; dólar sobe

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda nesta segunda-feira, acompanhando mau humor internacional. O feriado nos Estados Unidos na próxima quinta-feira deve contribuir para reduzir a liquidez nos mercados ao longo da semana, elevando a dose de cautela dos agentes. O índice Bovespa (Ibovespa) recuou 1,78%, cotado em 69.632 pontos. Desde […]

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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda nesta segunda-feira, acompanhando mau humor internacional. O feriado nos Estados Unidos na próxima quinta-feira deve contribuir para reduzir a liquidez nos mercados ao longo da semana, elevando a dose de cautela dos agentes. O índice Bovespa (Ibovespa) recuou 1,78%, cotado em 69.632 pontos. Desde o dia 8 de novembro, quando atingiu a máxima do ano (72.657 pontos), o Ibovespa entrou em tendência de queda e já perdeu 4,1%.

O alívio dos mercados internacionais com o resgate financeiro à Irlanda teve fôlego curto, com os investidores avaliando qual país europeu deve ser o próximo da fila a pedir socorro. A ajuda ao Tigre Celta deve ser de até 90 bilhões de euros – portanto, abaixo dos mais de 100 bilhões de euros liberados meses antes à Grécia. No entanto, a exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE), que o país adote medidas austeras na área fiscal e reforme o sistema bancário, permanece a mesma. Fontes avaliam que Portugal, Espanha e Itália podem se tornar os próximos alvos dos mercados financeiros.

Do outro lado da mundo, a China segue firme na árdua tarefa de conter as pressões inflacionárias. O temor de medidas mais agressivas no campo da política monetária vem deteriorando o comportamento da Bolsa de Xangai. O analista da Senso Corretora, Antônio Cezar Amarante, diz que, em novembro, a bolsa chinesa registra queda de mais de 3%, o que eleva as perdas em 2010 para quase 12%, mesmo com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na casa dos 10%. Nesse sentido, as commodities buscam uma recomposição de preços, mas o cobre é pressionado pela notícia de que as importações do metal precioso pelo gigante emergente caíram 30% em outubro ante setembro, para o menor nível do ano.

No Brasil, é grande a expectativa quanto à definição da equipe econômica que fará parte do governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Rumores dão conta de que é grande a chance de o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, não permanecer no comando da autoridade monetária, com a política desenvolvimentista ganhando força e diminuindo a autonomia do BC.

Em relatório, a equipe de analistas da Lerosa Investimentos ressalta que a diminuição da probabilidade de permanência de Meirelles e o consequente aumento da interferência do Planalto nas decisões do BC podem contaminar o otimismo na Bolsa. Em todo caso, Amarante, da Senso, avalia que a política desenvolvimentista do governo Dilma pode favorecer os papéis ligados ao consumo interno, com o aumento dos gastos públicos financiando fortemente a atividade – o que, de qualquer forma, pode resultar em um problema fiscal no longo prazo.

Nos EUA, a semana será mais curta, por causa do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira, o que manterá os mercados em Wall Street fechados. Na sexta-feira, o horário de funcionamento será reduzido. Por isso, a agenda econômica norte-americana está concentrada até quarta-feira. Hoje, o único indicador previsto para o dia é o índice de atividade regional do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, ainda pela manhã.

Hoje, as bolsas dos Estados Unidos chegaram a aprofundar as perdas, atingindo as mínimas do dia, com a notícia de que o FBI realizou buscas em dois fundos de hedge em Connecticut dentro de uma investigação de informação privilegiada (insider trading) em grande escala que foi antecipada no sábado pelo Wall Street Journal. No fechamento, Dow Jones caiu 0,46% e Nasdaq se recuperou, subindo 0,22%.

Dólar

O dólar terminou esta segunda-feira em alta, revertendo da abertura negativa, em meio ao recrudescimento das preocupações com a Irlanda. O plano político doméstico também permaneceu no radar, com investidores acompanhando notícias envolvendo a formação da equipe econômica do próximo governo. A moeda norte-americana subiu 0,64%, a R$ 1,730 na venda, na máxima do dia.

A sessão contou com o tradicional leilão de compra de dólares pelo Banco Central, com o anúncio da operação ocorrendo a apenas alguns minutos do fechamento do mercado. A taxa de corte foi de R$ 1,7288. Mais cedo, problemas técnicos na BM&FBovespa afetaram os negócios no segmento futuro.
Logo na abertura, a cotação chegou a cair 0,47%, refletindo o otimismo sobre uma iminente resolução aos problemas no setor bancário irlandês. Mas aos poucos o mercado passou a mirar os temores de contágio da crise em Dublin a outras nações periféricas da Europa, o que corroía o apetite por ativos de maior risco.

No final da tarde, o índice MSCI de ações globais recuava 0,7%, enquanto o índice de commodities Reuters-Jefferies CRB cedia 0,6%. A maior aversão a risco, refletida pela disparada do índice VIX, conduzia o dólar ao terreno positivo ante uma cesta de moedas, ajudado pela queda do euro. Divisas de perfil semelhante ao real, como o dólar australiano e a coroa norueguesa, também perdiam valor.

“O mercado vai continuar muito cauteloso enquanto a situação da Irlanda não se definir. O pacote pode até vir, mas a incerteza sobre o tamanho, prazo e outros fatores deixam o investidor nervoso”, disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. “E o pessoal sente que o problema não é só lá (na Irlanda). Muita gente acha que Portugal também vai precisar do mesmo remédio. O ambiente é de incerteza e o mercado não gosta disso”, completou. O profissional lembrou que os players também monitoraram notícias sobre a composição da equipe econômica da presidente eleita Dilma Rousseff.

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