Estudantes do Sesi em Campo Grande desenvolvem invenção para afastar o Aedes Aegypti; epidemia atinge ao menos 20 mil pessoas

Os alunos da 4ª a 9ª séries do Ensino Fundamental da Escola do Sesi de Campo Grande – unidade do Clube do Trabalhador – estão produzindo, durante as aulas de Ciências, um repelente natural ao mosquito Aedes aegypti, para evitar o contágio da dengue, que se dá por meio da picada da fêmea do transmissor da doença.

De acordo com a diretora da escola Marly Fátima Rondon de Andrade, o objetivo da iniciativa é diminuir os altos índices de casos de dengue registrados em Campo Grande, que vive uma verdadeira epidemia: só no ano de 2010 já foram registradas 16 mortes pela doença, e nove casos estão sob investigação. 

A professora de Ciências, Patrícia Claro Pissurno explica que o repelente, que tem como ingredientes álcool, cravo da índia e óleo de bebê, está sendo produzido nas aulas realizadas no laboratório da Escola do Sesi de Campo Grande. “Trata-se de um repelente natural, sem contraindicações, para evitar o contágio por meio da picada do mosquito. O repelente evita que o mosquito sugue o sangue; assim, não consegue maturar seus ovos, o que atrapalha a postura e diminui a proliferação”, ressaltou.

No entanto, Patrícia Pissurno reforça que a medida de prevenção mais eficiente é o combate ao mosquito que transmite a doença. “Medidas educativas de repercussão ambiental e conscientização da sociedade, para diminuir os locais onde as larvas dos mosquitos se criam são decisivas na prevenção. Estamos fazendo a nossa parte, contribuindo para a conscientização e a prevenção deste mal que afeta a saúde pública de modo geral”, disse.

A experiência

Ela informa que, ao todo, 129 alunos participam da experiência, e cada um produziu 600 mililitros do repelente, que foi levado para suas respectivas residências para a utilização de toda a família. “Para cada 600 ml do repelente, nós usamos 500 ml de álcool, 10 gramas de cravo da índia e 100 ml de óleo de bebê, sendo bastante econômico, com custo final de R$ 6,00”, ressaltou, completando que os alunos têm condições de reproduzir a receita em casa, bem como ensiná-la a outras pessoas.

Segundo a professora de Ciências, o repelente caseiro ao mosquito da dengue é fruto do conhecimento repassado pelos pescadores, que teriam descoberto que o cravo da índia possui um princípio ativo que repele a fêmea do Aedes aegypti. “O nosso repelente é fácil de preparar em casa, pois basta deixar curtir de cinco a sete dias o cravo no álcool, agitando de manhã e de tarde, e depois acrescentar o óleo corporal, estando pronto para ser aplicado nos braços e pernas”, ensinou, completando que amostras também serão distribuídas durante a Ação Global no dia 22 de maio, bem como será repassada a receita.

Segundo a médica dermatologista Michella Pereira de Rezende Scannapieco, do Hospital Adventista do Pênfigo, de Campo Grande, o repelente caseiro não oferece qualquer tipo de risco à saúde das pessoas. Entretanto, ela aconselha o teste do produto, em pequena quantidade, na pele, para verificar uma possível alergia. “Dificilmente uma pessoa tem qualquer tipo de alergia ao cravo, mas nunca se sabe, e não custa nada fazer um pequeno teste antes. Se ela perceber algum tipo de vermelhidão na pele, o aconselhável é suspender o uso imediatamente e consultar um médico”, aconselhou, informando que esse tipo de repelente caseiro é bastante utilizado pelos pescadores e serve para afastar tanto o mosquito da dengue quanto outros tipos de insetos.

Confira abaixo a receita do repelente caseiro:

INGREDIENTES

1/2 litro de álcool;

1 pacote de cravo da índia (10 gramas);

1 vidro de óleo de bebê (100 ml);

PREPARO

Deixe o cravo curtindo no álcool por cinco a sete dias, agitando no período da manhã e da tarde. Depois acrescente o óleo corporal (pode ser com essência de amêndoas, camomila, erva-doce ou aloe vera). Passe uma gota nos braços e nas pernas.

 

(Revisado às 9h20, para correções)