A mudança no critério de julgamento das licitações foi, segundo a Polícia Federal, o “embrião” do suposto esquema de desvio de recursos da Infraero. O relatório final assinala que a principal alteração na estrutura da estatal foi a nomeação de “diversos apadrinhados políticos para cargos de chefia”, além do próprio deputado Carlos Wilson, então filiado ao PT, alçado ao posto de chefe da empresa no primeiro mandato do governo Lula.

Segundo a PF, “foi orquestrado um esquema de desvio de recursos públicos por meio de uma engenharia ilegal de editais por parte de altos funcionários da Infraero, em conluio com algumas das maiores empreiteiras do País”. A PF sustenta que também se beneficiaram das “manobras” cinco empresas projetistas. Os projetos básicos servem para balizar a preparação de editais e, portanto, têm influência nos contratos.

“Verifica-se uma sofisticada estrutura criminosa que tem o fito de amealhar altíssimas somas de recursos públicos da sociedade brasileira”, assevera o relatório. “Por certo, boa parte da alta soma desviada foi usada para a corrupção de agentes públicos da Infraero.”

A PF descobriu que empreiteiras infiltravam funcionários em empresas contratadas pela Infraero para executar a fiscalização das obras. Os fiscais infiltrados aprovavam medições irregulares para justificar liberação de pagamentos acima do montante devido.