Aliados de Marina acreditam em neutralidade na convenção do PV
O grupo de dirigentes que é próximo à senadora Marina Silva dentro do Partido Verde está confiante de que fará valer sua posição na convenção do partido que será realizada no próximo dia 17. Eles ainda não falam abertamente, até porque há um pacto entre os verdes para que ninguém se manifeste antes do evento […]
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O grupo de dirigentes que é próximo à senadora Marina Silva dentro do Partido Verde está confiante de que fará valer sua posição na convenção do partido que será realizada no próximo dia 17. Eles ainda não falam abertamente, até porque há um pacto entre os verdes para que ninguém se manifeste antes do evento partidário, mas dão a entender que há chances cada vez maiores de o PV se declarar neutro no segundo turno das eleições presidenciais. Ou, como eles preferem dizer, “independente”.
Diversos aspectos da conjuntura política os fazem assumir essa postura. Em primeiro lugar, avaliam que o PV – um partido que nunca teve grande expressividade no cenário político brasileiro – não está disposto a manchar sua imagem de “terceira via” consolidada nesta eleição, em grande parte graças ao discurso de Marina. Seria um erro, pensando nos projetos futuros do partido, distanciar-se de uma considerável parcela de eleitores que votou na senadora ao divergir dela neste momento de evidência de sua figura pública.
“Se alguém quiser apoiar o Serra ou a Dilma individualmente, quantos votos essa pessoa poderia ganhar para esses candidatos? É irrelevante. Mesmo o PV, sem a figura da Marina, não tem cacife para eleger ninguém”, diz um dos membros do partido, que pediu para não ser identificado.
Fabio Feldmann, que concorreu ao governo de São Paulo pelo PV, fala abertamente que hoje Marina é maior que o Partido Verde. “Essa votação expressiva que tivemos é muito mais de pessoas ligadas a ela do que ao partido”, reconhece ele.
A configuração dos votos da convenção também favorece esse entendimento. Marina conseguiu incluir entre aqueles com poder de decisão no evento 15 representantes de setores que colaboraram de alguma forma com sua campanha e que votarão junto com ela. Além disso, estão sendo costurados acordos com outros votantes para garantir uma imagem de unidade, ao menos na alta cúpula do partido.
Para completar, as regras da convenção prevêm que aqueles que forem minoria na votação possam manifestar seu posicionamento contrário em público – seja de maneira individual ou em grupo – desde que não se utilizem de instrumentos do PV para tal fim. Tal recurso era visto como a válvula de escape para que Marina pudesse descolar sua imagem de um eventual posicionamento favorável ao PT ou PSDB que viesse a ser decidido na convenção. Agora, em sentido inverso, servirá para aqueles que objetivam ocupar algum cargo em governos estaduais ou no Planalto possam costurar seus apoios à revelia da posição oficial do PV.
Movimentos nesse sentido já começam a ser percebidos, com alguns diretórios estaduais do PV se antecipando à convenção nacional da legenda e declarando apoio a candidatos que disputam o segundo turno em suas regiões. No Pará e em Brasília, o partido já se juntou a candidaturas petistas. No Piauí, está com os tucanos. Além disso, figuras públicas do PV como Fernando Gabeira, no Rio de Janeiro, e Luiz Bassuma, na Bahia, também abraçaram a campanha de José Serra.
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