100 e poucos filhos que ladram e miam e o sonho de uma professora que ama os animais em Dourados
Desde setembro de 2009 que Maria Estela está reinando em seu paraíso povoado pelos alaridos dos cães e pela mansidão dos felinos.
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Desde setembro de 2009 que Maria Estela está reinando em seu paraíso povoado pelos alaridos dos cães e pela mansidão dos felinos.
Já se passaram quase cinco décadas e o dia em que Maria Estela Lopes Cabral Ruas embarcou naquele trem da Rede Ferroviária Federal com destino a Campo Grande continua impregnado em sua memória e colado em sua retina.
A menina tinha apenas dez anos de idade. Os pais decidiram largar Ponta Porã. Ao deixar a Princesinha dos Ervais, Estela levou em seus braços um cãozinho de estimação.
O ruído dos dormentes e o chac-chac da locomotiva embalou os sonhos pueris de Estela que horas e horas depois desembarcou na Cidade Morena.
A estrela da fronteira amava os animais e tinha um sonho. Cuidar dos animaizinhos e amá-los teria que ser a sua missão. O tempo passou inadvertidamente e a menina da estrada de ferro tornou-se a professora Maria Estela.
Lá se vão 37 anos de magistério. Centenas e centenas de crianças aprenderam a ler e escrever em suas aulas. Agora faltando apenas dois anos para completar o tempo de aposentadoria, Estela relembra com saúda os tempos da infância e consegue realizar o sonho de cuidar dos animais efetivamente.
Desde setembro de 2009 que Maria Estela está reinando em seu paraíso povoado pelos alaridos dos cães e pela mansidão dos felinos. Numa sitioca de apenas dois mil metros quadrados, a professora edificou o que para ela significa a mais importante obra de engenharia jamais construída em Dourados.
E como aconteceu a realização do sonho de Estela? Coisa do destino? Milagre? Não, apenas as vicissitudes da vida! A professora conta que há quase vinte anos Ângelo, o seu único filho foi para o estado de São Paulo estudar Medicina Veterinária.
Na pequena Marília, o Dirceu da professora até que tentou concluir a Faculdade e talvez por ser um sonho da mãe acabou desistindo da saga patrocinada por Estela.
Foi neste momento que Maria Estela sentindo-se completamente sozinha e cansada de soliloquiar olhando para as estrelas resolveu construir sua constelação.
Para preencher o vazio da ausência do filho, a professora adotou uma cadelinha. Foi amor imediato. Não parou mais. Os anos passaram e Estela foi adotando os vira-latas que encontrava abandonados, rotos, doentes e esquálidos.
A cada animal adotado uma nova responsabilidade. Estela definitivamente ficou com muitas estrelas em seu poder. Como filhos, os cães e também os gatos fazem parte da sua nova família.
E o Ângelo? Ele acabou encontrando o amor e como não tinha vocação para a veterinária retornou para Dourados. Casou-se, graduou-se em Administração de Empresas, cuida da esposa e dos filhos. Tornou-se um policial. Talvez para lembrar um “cão policial” e agradar a professora dos animais.
Hoje, Maria Estela chegou a conclusão que o filho desistiu da Medicina Veterinária porque o sonho era mais seu do que de Ângelo. Para a saúde dos animais conta com o apoio do Hospital Veterinário da Unigran.
Para alimentar os bichinhos, bichões e bichanos, a professora conta com a generosidade das pessoas que gostam dos animais. Mas o salário da professora todos os meses é investido na vida dos bichos.
Estela que até os dez anos de idade morava numa fazenda acabou deixando uma confortável casa no Jardim Flórida para morar na sua mini fazendinha distante uma légua e meia do centro de Dourados. É uma odisséia para chegar ao canil. Ruas esburacadas, barro, poeira e escuridão. Nada disso impede que o dia-a-dia de Estela seja mais ou menos feliz.
Será que Estela tem tempo suficiente para cuidar dos animais? Tem? Mesmo lecionando dois períodos na Escola Municipal Weimar Torres na região do Parque do Lago, a professora depois de cuidar de quase cem crianças retorna para casa no final tarde para sorrir para cada um dos seus 116 cães e trinta gatos. Ou seria mais? Ela até perdeu as contas!
Mas enquanto a mestra está se aspirando o pó do giz e suportando os gritos das crianças os miados e latidos são engalanados por um funcionário contratado especialmente para acompanhar os animais em sua ausência.
Estela prefere que o endereço do seu canil não seja divulgado. – Não tenho mais capacidade para receber novos bichos”, diz a professora que só faz a doação de um animal para aquela pessoa que comprovar que vai cuidá-lo com amor assim como ela faz.
A professora conhece tão bem os seus animais, assim como os seus pequeninos alunos que são chamados pelos nomes. Nos últimos tempos Estela passou a contar com a ajuda de um pessoal nobre que acaba de criar uma organização não-governamental de proteção aos animais. É o Clube do Vira-Lata que já fez uma campanha pública e arrecadou rações e medicamentos para o canil de Estela.
Na Sitioca a professora dos animais primeiro construiu o habitat dos animais. Depois construiu uma casa para o funcionário e agora, conclui a casa onde vai morar com o João Ruas, um sujeito pacato e sessentão sensato. O marido e companheiro de longos a nos também ama os animais e incentiva o projeto da mulher em seu sonho de uma vida inteira. E quando a professora se aposentar? Ela vai se dedicar integralmente ao Paraíso dos Animais!
E quando Estela perder suas forças e não puder mais estar entre os animais e os seus familiares? A resposta já foi dada: – Vou deixar escrito que tudo seja destinado a uma ONG! – sacramenta a professora que ás vezes não fala. Apenas silencia para que os cães e os gatos digam aquilo que não possa ser dito.
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