Revista VEJA: deixar de fumar depende do sexo e condição social

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) concluiu recentemente a primeira etapa de um estudo sobre o perfil dos fumantes que desejam largar o cigarro. Depois de analisarem entrevistas com 32.000 homens e mulheres, os pesquisadores constataram que o sucesso dos tratamentos varia de acordo com o sexo, a idade, […]

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O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) concluiu recentemente a primeira etapa de um estudo sobre o perfil dos fumantes que desejam largar o cigarro. Depois de analisarem entrevistas com 32.000 homens e mulheres, os pesquisadores constataram que o sucesso dos tratamentos varia de acordo com o sexo, a idade, a etnia e o nível social.

Homens e ricos têm mais chance – Mulheres, negros, pessoas mais jovens e aquelas que pertencem a classes econômicas mais baixas são os que mais penam para se livrar do vício.

O dado americano que se refere exclusivamente ao universo feminino bate com a experiência dos médicos que trabalham na unidade de pesquisa em álcool e drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De cada três pessoas que recorrem ao departamento para abandonar o cigarro, duas são mulheres. Há explicações para essa dificuldade feminina.

A primeira é de ordem biológica. O organismo da mulher é mais resistente às terapias antitabaco e mais vulnerável aos sintomas de abstinência, como crises de ansiedade e depressão. Somam-se a isso fatores psicossociais, como o medo de engordar e a forte associação de cigarro a poder e independência. “Além disso, as campanhas contra o tabagismo sempre estiveram mais voltadas para os homens, o que diminui a percepção dos riscos do cigarro pelas mulheres”, acredita o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp.

O estudo do CDC revela que os mais endinheirados e letrados têm mais facilidade para largar o cigarro. Na comparação entre ricos e pobres, metade dos pertencentes ao primeiro grupo obteve sucesso na luta contra o vício. Do segundo grupo, apenas um terço. Em relação ao grau de escolaridade, 75% das pessoas com diploma universitário conseguiram ficar livres do cigarro. Entre as que não completaram o ensino médio, 47% chegaram ao mesmo resultado.

A falta de recursos financeiros restringe o acesso aos tratamentos. Os custos dependem do método escolhido (antidepressivos, chicletes, adesivos transdérmicos ou inaladores de nicotina), mas o gasto médio nos Estados Unidos é de 3 a 10 dólares por dia, em um processo que pode levar até um ano. E, quanto menor a instrução, menor o acesso à informação sobre os perigos do cigarro.

Paula Neiva, da VEJA

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