O tempo esquentou no primeiro dia do horário eleitoral gratuito dos candidatos a presidente. José Serra acusou o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, de ser destemperado e de agredir eleitores e aliados. O programa do tucano atacou pelos flancos, reproduzindo declarações de Ciro — nas quais ele diz ter nojo do PFL, chama o pedetista Leonel Brizola de fina flor do atraso e afirma que o deputado Luiz Antônio Fleury (PTB) é um aborto da natureza.

O programa de Serra levou ao ar uma entrevista dada por Ciro à Rádio Metrópole de Salvador, na qual o candidato chama um ouvinte de petista furibundo e burro: “Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado para largar de ser burro”, diz Ciro no trecho divulgado pelo programa de Serra, que termina reproduzindo outra declaração do candidato na qual ele diz que em toda a sua vida pública nunca agrediu ninguém. A Frente Trabalhista estuda recorrer à Justiça contra o programa tucano.

Luiz Inácio Lula da Silva usou o horário eleitoral para atacar a Petrobras. Lula criticou a opção da empresa de contratar um estaleiro em Cingapura para construir a plataforma P-50. Outras duas plataformas, segundo o candidato, também deverão ser encomendadas a estaleiros estrangeiros, deixando de gerar 25 mil empregos no país. À noite, o petista apresentou a equipe que elaborou seu programa econômico e procurou tranqüilizar os empresários: “Quero aproveitar para dizer também aos empresários que o Brasil precisa muito deles para esse grande desafio de voltar a crescer”, disse.

FREIRE x ACM – O programa de estréia da Frente Trabalhista, à tarde, exibiu cenas de Ciro com sua mulher, Patrícia Pillar, e aliados, incluindo Brizola, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, além do ex-governador Tasso Jereissati, do PSDB.

O senador Roberto Freire, presidente do PPS, partido de Ciro, ficou de fora. À noite, Ciro levou ao ar uma declaração de apoio do arquiteto Oscar Niemeyer e prometeu construir 300 mil moradias populares por ano, com prestações equivalentes a 10% do salário-mínimo.

GETULISTA? – O candidato do PSB, Anthony Garotinho, exibiu uma rápida biografia, dizendo que saiu do governo do Estado do Rio com 88% de aprovação. E comparou-se aos ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek: “Eu, como eles, também sou acusado de demagogo, de populista, de só me preocupar com os pobres. Mas, como eles, tenho resistido a essa pressão, não me curvando para os banqueiros, para os poderosos”.