Corinthians vira pela primeira vez e contraria sofrimento para ser hepta

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O Corinthians passou a propagar que nada “nunca foi fácil” quando enfrentou um período de instabilidade no Campeonato Brasileiro, mas a sua sétima conquista do torneio não chegou a ser difícil. Sem ter a liderança ameaçada em nenhum momento do seu irregular segundo turno, o time paulista derrotou o Fluminense por 3 a 1 na noite desta quarta-feira, em Itaquera, para assegurar o troféu.Corinthians vira pela primeira vez e contraria sofrimento para ser hepta

O jogo decisivo até teve ares de sofrimento. O Corinthians sofreu um gol de cabeça do zagueiro Henrique – novamente, de escanteio, problema crônico do time dirigido por Fábio Carille – logo no princípio do primeiro tempo. Com menos de quatro minutos da etapa complementar, porém, o centroavante Jô já havia anotado duas vezes para os donos da casa, na primeira virada corintiana no campeonato. Jadson fechou o marcador.

Os gols deixaram Jô à frente de Henrique Dourado (18 a 17) na relação de artilheiros do Brasileiro – o Corinthians jamais fez um goleador da competição. Na tabela de classificação, o inalcançável heptacampeão agora computa 71 pontos ganhos, contra 61 do Grêmio, que havia derrotado o São Paulo por 1 a 0 mais cedo, em Porto Alegre.

Com a vitória, os jogadores do Corinthians serão os primeiros na história a vestir faixas de heptacampeão brasileiro. Explica-se: o Santos e o Palmeiras, que se orgulham de somar oito e nove troféus nacionais, eram considerados bi e tetracampeões, respectivamente, antes da unificação de títulos promovida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no final de 2010.

Mas o Campeonato Brasileiro ainda não acabou. O Corinthians enfrentará o Flamengo no domingo, na Ilha do Governador, e receberá o seu merecido troféu em 26 de novembro, diante do Atlético-MG, em Itaquera. Já o Fluminense, com os seus 43 pontos ganhos, jogará contra a Ponte Preta, ameaçada de rebaixamento, na segunda-feira, no Maracanã.

O jogo – A torcida corintiana presente em Itaquera ainda entoava os nomes dos jogadores escalados por Fábio Carille, fato raro, quando o Fluminense teve a sua primeira chance de abrir o placar. Apenas um e outro se deram ao trabalho de brandir as mãos e braços esticados, em gesto corriqueiro para afastar o azar, quando Marcos Júnior se apresentou para a cobrança de escanteio. Henrique, no entanto, surpreendeu também o jovem goleiro Caíque, que hesitou em bola alçada na pequena área, e cabeceou para dentro.

“Não para de lutar!”, rebateram os torcedores do Corinthians, de imediato, no final da gritaria que sucedeu o gol do Fluminense. O intuito era empurrar o líder do Campeonato Brasileiro, ainda sem ter nem sequer uma virada de placar em seu histórico, em direção ao feito inédito justamente no dia em que tinha a chance de sacramentar a conquista.

O Corinthians, no entanto, mostrava dificuldades para encontrar os rumos da vitória. Teimava que seriam pelo lado direito do campo, onde estava o esforçado Romero, já que quase não acionava o apático Clayson na esquerda. Pelo meio, Rodriguinho parecia reviver as atuações sem brilho de boa parte de sua campanha no segundo turno da competição nacional.

Foi justamente pela direita, com Romero, que o Corinthians criou a sua melhor oportunidade de empatar a partida no primeiro tempo. O paraguaio passou a bola para Fagner, que fez o cruzamento rasteiro já dentro da área. Jô se esticou para completar a jogada na segunda trave, mas não alcançou a bola.

Ainda era pouco, contudo, para uma equipe que almejava ser campeã brasileira com três rodadas de antecedência para o final do campeonato. Fábio Carille sabia disso. No intervalo, o técnico trocou o volante Camacho pelo meia Jadson e lançou o Corinthians ao ataque. Não demorou a ser recompensado.

Logo no primeiro minuto, Jô mudou a direção do Corinthians ao passar a bola para Clayson na esquerda. O centroavante correu em direção ao gol para ele mesmo aproveitar o cruzamento do seu companheiro. Cabeceou no canto para igualar o marcador. “Chupa! Chupa!”, celebrou o ídolo Basílio, que comentava a partida para uma rádio da capital.

Dois minutos se passaram, e Caíque chutou a bola para a frente. Jô desviou e encontrou Clayson outra vez. Depois de o atacante chutar no travessão, o artilheiro do Campeonato Brasileiro demonstrou oportunismo para tirar proveito do rebote e, de cabeça, colocar a bola na rede.

A torcida do Corinthians já não se contentava em berrar “gol”. Alguns queriam repetir o que fizeram diante do Avaí, na rodada passada, e louvar o “campeão”. Outros, porém, pretendiam incluir um velho conhecido na festa alvinegra. “Danilo! Danilo! Danilo!”, passaram a fazer coro, pedindo a entrada do veterano, bicampeão brasileiro como corintiano.

Carille preferiu esperar para mexer no Corinthians novamente. Afinal, o seu time tinha a segurança dos tempos em que surpreendia o Brasil ao passar um turno inteiro invicto. O colega Abel Braga, ao contrário, entrou em ação. Substituiu Sornoza, Marcos Junios e Marlon Freitas por Matheus Alessandro, Peu e Pedro e viu o Fluminense ganhar posse de bola, mas não efetividade.

O Corinthians esteve mais próximo do gol. Aos 37 minutos, Jadson bateu colocado e acertou a trave. Aos 39, depois que Maycon ocupou a vaga de Clayson, o antes contestado armador não errou. Recebeu a bola e finalizou cruzado para acertar o canto e incendiar Itaquera. Quase literalmente.

Com os proibidos sinalizadores, a torcida do Corinthians iniciou uma bela festa em seu estádio. Fogos eram ouvidos do lado de fora. Basílio, o ídolo que havia gritado “chupa”, chegou a deixar a sala de imprensa momentaneamente. “É campeão! É campeão! É campeão!”, escutava-se onde ele estava. No gramado, o consagrado Danilo enfim entrou no lugar de Jô, aos 48 minutos, para sacramentar a festa na Zona Leste como capitão.

FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 3 X 1 FLUMINENSE

Local: estádio de Itaquera, em São Paulo (SP)
Data: 15 de novembro de 2017, quarta-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (SC)
Assistentes: Kléber Lucio Gil e Neuza Ines Back (ambos de SC)
Público: 45.775 pagantes
Renda: R$ 2.882.688,00
Cartões amarelos: Gabriel (Corinthians); Léo, Henrique Dourado, Reginaldo, Pedro, Henrique e Lucas (Fluminense)
Gols:
CORINTHIANS: Jô, a 1 e aos 4 minutos, e Jadson, aos 40 minutos do segundo tempo
FLUMINENSE: Henrique, a 1 minuto do primeiro tempo

CORINTHIANS: Caíque; Fagner, Pedro Henrique, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel, Camacho (Jadson), Romero, Rodriguinho e Clayson (Maycon); Jô (Danilo)
Técnico: Fábio Carille

FLUMINENSE: Diego Cavalieri; Lucas, Nogueira, Henrique e Léo; Marlon Freitas (Pedro), Wendel, Júnior Sornoza (Matheus Alessandro) e Gustavo Scarpa; Marcos Júnior (Peu) e Henrique Dourado
Técnico: Abel Braga

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