Os “ares” blaugranas são respirados por Xavi desde 1998

N história, poucos jogadores foram capazes de personificar um estilo de se praticar futebol . Talvez Ferenc Puskás tenha feito isto na espetacular Hungria de 1954. Provavelmente Johan Cruyff tenha repetido esta liderança na Holanda de 1974. No futebol moderno? O primeiro nome que vem à mente é o de Xavi Hernandéz. E, nesta quinta-feira, o homem que por anos e anos fez o Barcelona dominar o planeta com o inesquecível tiki-taka anunciou a sua despedida do clube catalão.

O volante de 35 anos convocou entrevista coletiva na capital da Catalunha e verbalizou o que os torcedores blaugranas talvez nunca quisessem ouvir: depois de 17 anos vestindo a camisa azul-grená e dominando o círculo central do Camp Nou, deixará o Barcelona ao fim desta temporada. O destino? O Al Sadd, do Catar.

“É uma decisão definitiva e não foi fácil tomá-la”, declarou Xavi, visivelmente emocionado. “Conversei com minha família e entendi que este é o momento ideal para ir embora. Fiz bem em optar por ficar nesta temporada sobretudo depois dos êxitos que estamos alcançando, mas esta é a hora de eu caminhar. Ainda me sinto útil e importante, mas o momento, agora, é de trocar de ares”, acrescentou o atleta, que tem contrato até junho.

Os “ares” blaugranas são respirados por Xavi desde 1998, ano em que estreou pelos profissionais do Barcelona. Foram 17 anos de carreira e 24 de clube – já que começou a jogar no time catalão aos 11 anos, ainda no infantil. Neste período, aprendeu com Guardiola e o sucedeu dentro de campo, foi a principal voz do eterno camisa 4 durante o seu período como treinador azul-grená e conseguiu fazer um time cavar um lugar na história. O Barça do início desta década, que deixava rivais tontos com passes curtos e posse de bola massacrante, é o Barça de Messi e Iniesta, mas principalmente de Xavi.

“O clube seguirá ganhando e jogando bem, a história demonstra. Os futebolistas seguirão saindo de casa e não haverá nenhum problema. Há uma geração para seguir ganhando coisas. O trabalho é excepcional. Será complicado não levar a camisa do Barcelona. Não queria que chegasse esse momento, mas entendo que é a hora de ir. Vou ao Catar desfrutar e quero aprender de outra cultura futebolística”, explicou, ciente de que jogadores como Rakitic, Neymar e Luis Suárez já têm conseguido oxigenar e dar nova cara a um time que nunca deixou de ser gigante.

“Tenho que agradecer muito ao Barça, porque confiou muito em mim. O clube me ofereceu renovação até 2018, mas a minha decisão já estava tomada. O projeto do Catar é muito interessante e será muito especial para mim me despedir da torcida no Camp Nou”, afirmou Xavi, que terá duas oportunidades para dar adeus ao estádio: neste sábado, diante do La Caruña, pela última rodada do Campeonato Espanhol , e contra o Athletic Bilbao, em 30 de maio, pela final da Copa do Rei .

Xavi ainda poderá entrar em campo na final da Liga dos Campeões da Europa, contra a Juventus, em 6 de junho, em Berlim – seu último jogo como atleta do Barça. Depois, irá ao Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, para jogar pelo Al Sadd e ser um dos embaixadores do principal torneio de futebol do mundo. O volante assinou contrato de duas temporadas como jogador, com mais um opcional. O seu objetivo, contudo, é outro: “quero voltar para casa e trabalhar, seja como treinador ou diretor esportivo. Para mim, o Barça é o melhor clube do mundo”.

Mas isso é algo para se pensar depois do adeus. O importante, agora, é que Xavi se despeça do Barcelona. O veterano, afinal, é o jogador que mais vestiu a camisa azul-grená em partidas oficiais na história (764) e, ao lado de Casillas, o que mais entrou em campo na Liga dos Campeões da Europa (150 vezes). Em 17 anos no Barça, Xavi fez 85 gols, conquistou 23 títulos, e, com exceção da Copa do Rei de 2005/06, jogou todas as competições que o clube disputou. Um monstro de regularidade. Uma lenda do clube mais vencedor dos últimos anos no futebol mundial.