Ramo crescente, técnicos em segurança no trabalho têm salário médio de R$ 3,2 mil em MS
Reportagem apresenta panorama do setor, que indica crescimento – sobretudo no interior do Estado – nos próximos 5 anos
Ranziel Oliveira –
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Em todo o planeta, o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho é celebrado em 28 de abril, em memória às vítimas de acidentes e doenças ligados ao exercício da profissão. Em Mato Grosso do Sul, profissionais da área traçaram um panorama do mercado e a importância da categoria para um ambiente de ofício seguro e saudável.
Direto de São Gabriel do Oeste, o Técnico em Segurança do Trabalho Danilo Alencar, de 32 anos, exerce a profissão em uma unidade de saúde do município. “Sou concursado na área hospitalar, nesse segmento a segurança no trabalho é voltada para os riscos biólogos, fiscalização e uso de EPIs, treinamentos de segurança, movimentação de pacientes e transferência para cadeira de rodas, ergonomia imobiliária. Vai desde a documentação ao uso correto do cilindro de oxigênio”, detalhou.
Vivenciando o nicho da profissão no interior do Estado, ele traçou um panorama sobre as oportunidades da área no interior. “Eu trabalho no setor hospitalar, mas no interior a área de segurança de trabalho é um nicho mais voltado para agroindústria, como trabalho em silos. Mas você acaba tendo que se especializar mais. Tem bastante oportunidade e pouca gente atuando”, disse ele.
O Técnico em Segurança do Trabalho também comenta sobre os ganhos da categoria. “Por ser um curso técnico com duração de dois anos o retorno salarial é bom. Ele te dá um leque de opções. Por exemplo, você pode trabalhar em horário comercial e a noite dar treinamentos e gerar uma renda extra. Oferta existe, cabe ao profissional fazer cursos na área e se qualificar”, finalizou.
Realidade na Capital do MS
Em Campo Grande, Josué Miranda Dionizio, de 45 anos, atua desde 2012 na área. Com a sua própria empresa de consultoria em Segurança e Medicina do Trabalho desde 2016, ele ressalta a importância cada vez maior da profissão para outras empresas.
“Trabalhamos com a prevenção de acidentes, isso é importantíssimo. O número de acidentes fatais tem sido grande no Brasil. O técnico é primordial para ajudar essas empresas a evitar esses problemas e cobrar delas a prevenção. Fazer com que elas tenham uma política de segurança voltada na prevenção não só de acidentes, mas também de doenças e tornar o ambiente de trabalho mais seguro. Tanto na parte física e na parte emocional do trabalhador”, disse ele.
Tratando da relação direta com empresas, ele explica que a prevenção é crucial para evitar problemas posteriores ao acidente. “O acidente pode manchar o nome da empresa, desde o prejuízo financeiro, à imagem que as pessoas têm. Elas podem não querer comprar mais com ela, pois associam a marca a uma coisa ruim. Para elas, investir em segurança é lucrar”, explicou.
Ganhos
Mas, afinal, quanto paga um ramo que é descrito como celeiro de oportunidades em MS? Podendo trabalhar na construção civil, no ramo da química, em fábricas, hospitais e também no agronegócio, os ganhos de um técnico em segurança do trabalho podem variar, inicialmente, de R$ 1.800,00 a 2.500,00, em MS. A média apontada pelo Caged, porém, é de R$ 3.173,34.
“Existe um sindicato, mas não temos piso. O que acontece às vezes é uma exploração para quem está começando na área e precisa adquirir experiência. As empresa acabam oferecendo o que acham certo. Quando você tem uma experiência maior no interior do Estado, eles pagam mais. Normalmente, em fazendas e na área agrícola. Lá existem mais vagas e poucos profissionais especializados”, acrescenta Dionízio.
O presidente do Sintest/MS (Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho de Mato Grosso do Sul), André Luiz Ferreira, de 47 anos, enxerga o cenário de trabalho no Estado promissor para os próximos cinco anos.
“A gente enxerga um cenário de muita demanda para pouca oferta, com as escolas formando muitos profissionais e muitos acabam não entrando na área. Mas, subjetivamente, a gente enxerga um cenário crescente, gradativamente. Temos indústrias chegando no Estado, como em Ribas do Rio Pardo, por exemplo. Também é importante investir no conhecimento: quanto mais capacitado o profissional for, mais oportunidade ele terá”, disse o representante do sindicato.
Sobre a questão do piso salarial, André explica que o motivo do sindicato não ter conseguido estabelecer um valor base para o MS está relacionado a algumas peculiaridades do mercado de trabalho.
“A nossa categoria é diferente: no canteiro de obras, a gente vai ter um ou dois profissionais, e o sindicato predominante [provavelmente, de construtores civis] terá 100 empregados. Quando procuramos o empregador ou o sindicato patronal, a gente não tem força para constituir uma convenção, porque é uma categoria minoritária no segmento”, afirmou.
Ele também acrescenta que empregadores fecham os acordos com o sindicato majoritário e que teriam menos disposição para lidar com uma categoria que é em menor número.
“Aí, os salários vão pelo valor majoritário ou a critério do empregador. Já tentamos estabelecer um piso, mas só tivemos reposta negativa. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a média salarial do MS é de R$ 3.173,34”, finaliza.
Abril verde
No dia 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virginia matou 78 mineiros. Em 2003, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) instituiu a data como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. A data foi instituída no Brasil pela Lei nº 11.121/2005.
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