Para conseguir um lugar no mercado de trabalho, o fundamental é estudar muito

O Ministério da Educação divulgou no neste mês de outubro o Censo da Educação Superior de 2015, onde foi constatado que o curso de Direito é preferência entre os universitários. Segundo levantamento, um a cada dez estudantes estão nas salas de aula estudando leis e legislação.

Durante o ano de 2015, exatos 105.324 novos bacharéis foram colocados no mercado. O grupo classificado pelo MEC como “Engenharia, produção e construção”, que inclui Arquitetura e as mais diversas engenharias, formou quase o mesmo número de pessoas.

O curso de Medicina graduou 17.123 estudantes enquanto jornalismo, formou 7.399 profissionais.

Segundo dados da Ordem dos Advogados do Brasil, o país já conta com 995.905 advogados em seus quadros. A cada mil habitantes, cinco são advogados.

O Brasil com seus 995.905 advogados registrados, está na terceira colocação no ranking dos países com mais advogados no mundo, perdendo somente para Estados Unidos, com 1,3 milhão, e a Índia, que possui 2 milhões.

Com esse número e da popularidade da escolha desta profissão, algo que preocupa é o saturamento de profissionais formados.

Para a formada em Direito, Renata Soares Mendonça, de Campo Grande, o curso é o mais popular entre os universitários devido ao amplo campo de trabalho. “Tem concursos, especializações, ele te dá uma abrangência melhor no mercado de trabalho”, diz ela. Porém ela alerta, “é bastante difícil quem atua nesta área”.

Conforme o site especializado em direito JOTA, o professor da FGV Direito Rio, Ivar Hartmann, concorda que existe um contingente desproporcional de alunos de Direito atraídos por uma promessa de salários e de garantias de funções públicas exclusivas que são desproporcionais ao que se paga, em média, no setor privado.

Os concursos de alto escalão são absurdamente concorridos, o último para delegado de Polícia Federal, teve 46.633 inscritos para apenas 150 vagas. Uma concorrência de 311 candidatos para cada vaga. Em comparação com esse número, o curso mais concorrido da Fuvest no ano passado em Ribeirão Preto, teve 72 candidatos para cada vaga.

“Ainda assim, se o aluno colocar na ponta do lápis, é evidente que é mais vantajoso estudar para concursos. Para muita gente que se forma em direito por meio do Prouni ter estabilidade e receber um salário de R$ 5 mil de técnico num tribunal é um sonho” diz o professor.

Otávio Silva e Pinto, presidente da Comissão de Graduação da Faculdade de Direito da de São Paulo, diz que o fundamental para o bacharelando é estudar muito.

“Ele precisa ter consciência de que não conseguirá uma posição no mercado de trabalho relacionado à área só porque está fazendo o curso. Até mesmo porque a qualidade dos cursos muitas vezes não garante a esse profissional a possibilidade de passar na OAB ou em concursos públicos” afirma.

Para o diretor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Felipe Chiarello, diz sempre abordar a questão em suas aulas inaugurais sobre Direito econômico. “O mercado nunca está saturado para quem é bom. O aluno tem que saber o que quer, otimizar o resultado depois que se formar. É importante, por exemplo, ter uma publicação de qualidade no final da graduação para mostrar para um futuro empregador que ele é diferenciado”.