Tereza Cristina garante que Brasil tem fertilizante suficiente até outubro

A ministra garantiu, ainda, que o Brasil tem procurado novos parceiros para as importações e manter a força do agronegócio do País

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Ministra Tereza Cristina; fertilizantes
Ministra durante a coletiva sobre fertilizantes. Foto: Assecom/Mapa

O Brasil tem fertilizantes suficientes para todas as cadeias produtivas do agronegócio pelo menos até outubro, quando se inicia a nova safra. A explicação – de alívio e, ao mesmo tempo, de impacto – foi dada pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em Brasília, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (2) de “cinzas” no Brasil e de bombas entre Rússia e Ucrânia – dois grandes produtores de fertilizantes.

Tereza Cristina adiantou que o Brasil vem procurando alternativas para suprir a carência mercadológica gerada pelo conflito no leste europeu. “A safrinha de milho já está acontecendo. Então, o que precisava de fertilizantes já está garantido. A safra de verão, que será no final de setembro, outubro, é uma preocupação, mas também temos do setor privado a confirmação de que há um estoque de passagem suficiente para chegar até outubro”, tranquilizou a ministra.

A ida da ministra ao Irã, no início de fevereiro deste ano, agora configura-se numa demonstração de esforço do governo federal em manter a mola propulsora da economia do País: o agronegócio. A ministra Tereza Cristina revelou que o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) tem um grupo de acompanhamento que conversa constantemente com as indústrias, com os produtores, com a parte de logística e de infraestrutura. “Temos que ter tranquilidade neste momento e estudar todos os cenários que podem acontecer”, disse.

Paralelamente à crise desencadeada pela Rússia, a ministra Tereza Cristina destacou que a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – estuda alternativas para aumentar a eficiência do plantio com o menor uso de fertilizantes. Além disso, o Mapa vem trabalhando em estratégias de fomento e financiamento para aumento da produção de bioinsumos, fertilizantes organominerais, nanotecnologia e agricultura digital. “A agricultura brasileira é forte, vai continuar forte, e temos que dar as alternativas para ela continuar trabalhando”, ressaltou a ministra.

A cereja do bolo, durante a entrevista de Tereza Cristina, foi o anúncio do lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, que vem sendo elaborado desde o ano passado em parceria com outros ministérios e com a iniciativa privada, para reduzir a dependência do Brasil da importação de fertilizantes. “O Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar. Então, esse Plano, que fizemos lá atrás, há um ano, sem prever nada disso, era que o governo pensava que nós deveríamos ter para que o Brasil, que é uma potência agroalimentar, tivesse um plano de pelo menos 50% a 60% de produção própria dos seus fertilizantes”, destacou Tereza Cristina. 

Hoje, o Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume e é o maior importador mundial.  O Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil.  A Rússia é a maior exportadora mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7 bilhões exportados em 2020. É também a maior fornecedora do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que o País importou em 2020.

Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, segundo dados da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento.

Problema paralelo

As exportações de fertilizantes da Belarus – antiga Bielorrússia – para o Brasil estão suspensas desde o início de fevereiro por causa do fechamento dos portos da Lituânia – país situado às margens do Mar Báltico – prejudicando o escoamento do produto. Desde que soube que a Belarus sofreria sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo brasileiro vem buscando alternativas para suprir a demanda do setor.

A ministra Tereza Cristina esteve na Rússia no ano passado e no Irã em fevereiro deste ano negociando o aumento de exportações de fertilizantes para o Brasil. A estatal iraniana National Petrochemical Company (NPC) afirmou que o Irã poderá triplicar as exportações de ureia para o Brasil, chegando a 2 milhões de toneladas ao ano. No dia 12 março está prevista uma viagem da ministra para o Canadá para negociar o aumento das exportações de potássio para o Brasil.

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