Números da mostram que, em Mato Grosso do Sul, nos dois últimos anos foram criadas mais de 100 mil empresas, a maioria do tipo MEI – Microempreendedor Individual. Em uma análise superficial, as 54.954 empresas criadas em 2020, junto com as 52.458 que surgiram em 2021, podem dar uma conotação que a população acordou para o empreendedorismo, mas a realidade é bem diferente.

Pelo menos é o que aponta a avaliação da analista-técnica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Mato Grosso do Sul, Vanessa Schmidt. “Infelizmente, esse empreendedorismo que estamos vendo não é o que o Brasil necessita. Essa realidade, que não é só de Mato Grosso do Sul, mostra que se trata de um empreendedorismo forçado, por necessidade, tendo como motivo a crise econômica e o desemprego. Foi a saída encontrada por milhares de pessoas que perderam o emprego com a pandemia. Essas pessoas ficaram sem renda e resolverem abrir empresas”, destacou Vanessa Schmidt.

Das 54.954 empresas criadas em 2020, pelo menos 63% são do tipo MEI. Em 2021, apesar do número de novas empresas ter sido ligeiramente menor – de 52.458 –, o número de MEIs alcançou 75%. O problema, segundo Vanessa Schmidt, é que o índice de mortalidade de empresas se deu, praticamente, na mesma proporção, o que comprova a busca das pessoas por uma recolocação no pela via microempresarial.

Para a analista-técnica do Sebrae-MS, para abrir um negócio é necessário um processo de preparação, planejamento, estudo de mercado, além de um cuidado especial na gestão, principalmente nos dois primeiros anos. “Empresas recém-abertas têm maiores riscos de fechar as portas no primeiro e segundo ano de existência, que foi o que aconteceu não só em Mato Grosso do Sul, mas na maioria dos Estados brasileiros. Esses novos negócios empreendedores surgiram por necessidade e desespero, causados pelo desemprego provocados pela permanência da pandemia”, lamentou Vanessa Schmidt.