Juros curtos caem e longos sobem, apesar de surpresa do IPCA e apetite a risco

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,025%

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Agência Brasil
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Os juros futuros fecharam o dia com viés de queda nos vencimentos curtos e de alta na ponta longa, mesmo com o IPCA acima do consenso e o dólar em baixa e, no exterior, o discurso considerado “dovish” do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que estancou a trajetória altista do rendimento da T-Note de dez anos. Em boa medida, a curva foi influenciada por fatores técnicos relacionado à montagem de posições em inflação implícita e ao leilão de NTN-B do Tesouro com risco bem maior para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,025% (regular e estendida), de 12,082% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 passou de 11,508% para 11,525% (regular) e 11,515% (estendida) e a do DI para janeiro de 2027, de 11,392% para 11,45% (regular) e 11,445% (estendida).

A leitura negativa do IPCA de dezembro estressou o mercado durante a manhã, mas já no fim da primeira etapa o efeito se esvaiu e as taxas viraram para baixo, com o mercado ainda envolto pelas operações relacionadas ao leilão de NTN-B. “Ontem foi um dia de movimento forte nas implícitas, então um pedaço disso foi antecipado”, explica o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier.

O IPCA de dezembro de 0,73% desacelerou menos que o esperado – a mediana das estimativas era de 0,65% – ante os 0,95% de novembro A inflação de 2021, de 10,06%, superou marginalmente o consenso de 10%, sendo a mais elevada desde 2015 (10,67%), mas estourou em larga medida o teto da meta de inflação do ano passado, de 5,25%.

Sobre o recuo da ponta curta, André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, diz que, apesar do IPCA, dados de preços mais recentes em janeiro indicam continuidade da desaceleração da inflação e, diante dos indicadores fracos de atividade, “não dá para imaginar que o BC vai subir além de 150 pontos-base”. “Mas temos de ir monitorando, vide hoje a Petrobras”, disse, referindo-se ao aumento no preço dos combustíveis anunciado pela companhia.

Os ventos externos nesta terça até que foram favoráveis, com a T-Note rodando na casa de 1,74%, mas não conseguiram aliviar prêmios de risco da ponta longa. Em depoimento no Senado, Powell disse que a autoridade monetária ainda não tomou uma decisão sobre a eventual redução do balanço patrimonial e que os Estados Unidos permanecerão na configuração de juros baixos, mesmo com as perspectivas de elevação da taxa básica nos próximos meses.

“A mensagem é de que o caminho para a normalização será longo e gradual e que é o mercado que terá de descobrir qual é o juro de equilíbrio”, comentou Perfeito.

Um gestor acredita que uma explicação para o desempenho dos vértices longos pode estar relacionada também ao leilão de NTN-B, que teve risco bem maior para o mercado em relação aos anteriores. A oferta total era de 2,050 milhões da títulos, mas foram vendidos 1,975 milhão, uma vez que no papel mais longo, na estreia do vértice 15/8/2060, foram vendidos 225.400, ante lote de 300 mil, com taxas abaixo do consenso. Já as demais – 750 mil para 2027 e 1 milhão para 2035 – tiveram demanda integral.

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