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Economia

Juros avançam com ata do Fed, Treasuries e piora do risco fiscal

A tendência de alta nas taxas prevaleceu durante o dia, mas em ritmo bem mais moderado do que na terça
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Os juros futuros terminaram o dia em alta, pressionados pela ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), as preocupações com o cenário político e fiscal, a nova rodada de avanço nos retornos dos Treasuries e o aumento dos preços do petróleo. No fechamento da sessão estendida, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 estava em 12,11%, de 12,052% no ajuste de terça-feira. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,43%, de 11,178%, e a do DI para janeiro de 2027, em 11,32%, de 11,117%. Na sessão regular, as taxas haviam encerrado, respectivamente, em 12,045%, 11,30% e 11,21%.

“A renda fixa é o ponto de encontro das dinâmicas negativas recentes: elevação dos juros reais nos EUA, imbróglios fiscais renovados por aqui e retomada das altas nos preços das commodities desenhando uma inflação de curto prazo novamente pressionada”, afirmam os economistas do Banco Original.

A tendência de alta nas taxas prevaleceu durante o dia, mas em ritmo bem mais moderado do que na terça, com disposição limitada para grandes posições antes da divulgação da ata do Fed, às 16 horas. No começo da tarde, chegaram a ensaiar um alívio na esteira da virada do dólar para baixo, mas que esbarrava nas máximas dos retornos dos Treasuries, no petróleo e na preocupação com o cenário fiscal. Após a ata, as taxas ampliaram a trajetória ascendente.

Trazem desconforto tanto o aval do governo à desoneração da folha de pagamentos a 17 setores sem a compensação da renúncia, que pode gerar questionamentos jurídicos, quanto a mobilização de servidores em protesto por reajustes salariais. Após funcionários da Receita Federal e do Banco Central entregarem cargos comissionados, mais de 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação.

Para o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, dada a atenção que o Banco Central tem dedicado ao aspecto fiscal, a ponta curta não tem muito espaço para alívio enquanto perdurarem os ruídos gerados em Brasília, ainda mais sem perspectiva de andamento das reformas em ano eleitoral. “Por isso a curva precifica Selic a 12,75%. É bastante, mas condizente com o cenário que se desenha”, afirmou.

Nesse contexto interno complicado, o ideal para o Brasil, afirma Nepomuceno, seria o Federal Reserve adiar ao máximo o início do ciclo de altas de juros nos Estados Unidos. “Mas não vai dar tempo de esperar até a eleição, mesmo com o agravamento dos casos de Covid. O fluxo para emergentes vai piorar”, comentou o operador.

Pela manhã, dados do mercado de trabalho mais fortes que o esperado já alimentavam apostas na antecipação da elevação dos juros nos Estados Unidos, pressionando a curva dos Treasuries, e a percepção foi endossada à tarde pela ata do Fed, com a taxa da T-Note de dez anos batendo em 1,70% nas máximas. No documento, dirigentes foram claros sobre o risco de iniciar em breve o ciclo. “Pode ser preciso elevar juros mais cedo e a ritmo mais rápido”, afirmaram. E foram além, ao indicar que alguns deles consideraram apropriado reduzir o balanço patrimonial logo após o processo de aperto.

“Aumentou a probabilidade de alta já na reunião de março, além do cenário de quatro elevações este ano”, citam os profissionais do BTG Pactual, após leitura da ata.

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