O teria registrado alta significativa nos negócios desta sexta-feira, 19, não fossem os ingressos de recursos externos ao País. Em vez disso, a moeda norte-americana terminou o dia em perto da estabilidade, com leve sinal de baixa, na contramão da tendência predominante no mercado internacional. O fluxo claramente positivo amenizou a pressão compradora ao longo de todo o dia e o que se viu foi um movimento de alta moderada na maior parte do tempo. No exterior, em contrapartida, o dia foi de busca firme por proteção, com queda das bolsas e fortalecimento do dólar ante as divisas em geral.

Ao final da sessão de negócios, o dólar à vista terminou cotado a R$ 5,1680, com baixa de 0,08%, mas na semana subiu 1,85%. Na máxima do dia, a divisa chegou aos R$ 5,2195 (+0,92%). Na mínima, registrada já nos minutos finais de negociação, bateu R$ 5,1665 (-0,11%). No mercado futuro, o dólar para liquidação em setembro recuava 0,09%, às 17h03, negociado a R$ 5,1855. O Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, subia 0,56%.

Se no período da manhã o noticiário já era escasso, à tarde houve ainda menos fatos novos que alterassem o dos investidores no exterior. Com isso, persistiram as dúvidas quanto à conduta do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) na sua política monetária, principalmente após declarações de dirigentes do BC americano sinalizando preocupação com a inflação nos EUA como justificativa para defender uma elevação de 0,75 ponto porcentual nos juros do país, e não 0,50. A alta surpreendente da inflação na Alemanha, a crise energética na e outros fatores de incerteza internacional completaram o quadro que levou ao movimento de “fly to quality.”

“O que acontece é que continuamos a ter entrada de capital. A Bolsa passou por uma realização, por questões externas e também porque internamente o mercado precisava de uma realização de lucros, reforçada hoje pelo vencimento de opções. Mas o dólar esteve comportado porque a pressão da entrada de capital continua grande, o que faz a moeda ficar bem mais comportada que no resto do mundo”, disse Jefferson Laatus, sócio e estrategista do Grupo Laatus.

Segundo relataram profissionais do mercado, houve ingresso de recursos externos tanto pela via comercial quanto pelo segmento financeiro. De acordo o gerente de câmbio de uma grande corretora, o ingresso recursos de exportação de commodities fez diferença nesta sexta, principalmente nos momentos em que o dólar chegou a ensaiar uma queda – o que ocorreu pontualmente pela manhã e também à tarde.

Para a próxima semana, os analistas apontam que as atenções estarão bastante focadas no simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos. O evento terá como ponto alto a participação do presidente do Fed, Jerome Powell, que há algum tempo não tem dado declarações públicas acerca da política monetária.