Dólar sobe 1,18% e atinge maior valor de fechamento desde o início de agosto
O dólar voltou a escalar no mercado doméstico na sessão desta quinta-feira, 15, e flertou com a retomada do patamar de R$ 5,25, alinhado ao movimento externo de fortalecimento da moeda americana, em especial na comparação com divisas emergentes. Dados positivos de vendas no varejo e de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA divulgados hoje reforçaram […]
Agência Estado –
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O dólar voltou a escalar no mercado doméstico na sessão desta quinta-feira, 15, e flertou com a retomada do patamar de R$ 5,25, alinhado ao movimento externo de fortalecimento da moeda americana, em especial na comparação com divisas emergentes. Dados positivos de vendas no varejo e de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA divulgados hoje reforçaram a aposta em um ajuste mais intenso e amplo da política monetária americana, tese que havia voltado à baila na última terça-feira, 13, com a leitura do índice de inflação ao consumidor (CPI) em agosto.
Os retornos dos Treasuries subiram em bloco diante da possibilidade de que a taxa básica americana supere 4% no atual ciclo de aperto, o que acabou castigando ativos de risco mundo afora. O yield da T-note de 2 anos, atrelado diretamente às expectativas para os próximos passos do Fed, subiu mais de 2% e atingiu 3,88% na máxima. A taxa da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, correu até 3,468% na máxima e se aproximou de seu maior nível em mais de uma década.
Monitoramento do CME Group mostra que as apostas em nova alta da taxa básica americana em 75 pontos-base pelo Federal Reserve na próxima semana (21) seguem amplamente majoritárias (cerca de 80%). Analistas observam que o fato de o mercado passar a cogitar uma elevação de 100 pontos-base, na esteira do CPI de agosto, mostra um nível de insegurança sobre o quão enérgico o BC americano terá que ser para conter a inflação.
“O CPI de agosto reprecificou as expectativas para o Fed. Já se tem certeza de que virá pelo menos 75 pontos-base e há de chance de 100 pontos. Não acho que ele fará isso, porque a mensagem seria ruim para os mercados. Mas o tom do Fed deve ser duro”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, que, desde o primeiro semestre, vislumbrava Fed Funds mais para 4% do que para 3,5%.
Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar renovou máximas ao longo da tarde à medida que o sentimento externo se deteriorava, e tocou R$ 5,2456 (+1,30%) na última hora de pregão No fim do dia, a divisa avançava 1,18%, a R$ 5,2391 – maior nível de fechamento desde 3 de agosto. Assim, apresenta ganhos de 1,78% na semana e de 0,72% em setembro. Seguindo a comportamento usual, o real, que tende a sofrer mais em episódios de aversão ao risco, amargou o pior desempenho entre emergentes hoje.
O avanço do 1,17% do IBC-Br em julho (na margem), acima do teto de Projeções Broadcast (1%), não chegou a ter papel relevante hoje na formação da taxa de câmbio, mais confirma a recuperação da atividade doméstica. O mercado de juros ainda especula se o Banco Central, que anuncia sua decisão também no próximo dia 21, a “super quarta”, vai promover uma alta adicional da taxa Selic, para 14% ao ano.
Embora o real tenha oscilações mais agudas em momentos de estresse lá fora, a moeda brasileira apresenta – e deve continuar a apresentar – um desempenho relativo melhor que seus pares, observa Weigt. “Temos juro real alto, o país está crescendo e as reservas cambiais são grandes. E também é difícil imaginar uma loucura na área econômica”, diz o tesoureiro, acrescentando que, por ora, a corrida presidencial não tem influenciado o comportamento da taxa de câmbio.
Termômetro do desempenho do dólar frente a divisas fortes, o índice DXY firmou-se em leva alta no fim do dia, com máxima aos 109,921 pontos. Não fosse a recuperação do euro, que tem peso de mais de 55% do indicador, teria superado novamente os 110,000 pontos, maior valor em 20 anos, dado o fortalecimento da moeda americana frente ao iene e à libra esterlina. As cotações do petróleo voltaram a afundar, em meio à possibilidade de desaceleração mais forte da economia global, com aperto monetário nos EUA e na Europa, que enfrenta uma crise energética, e dúvidas sobre o fôlego da economia chinesa. O barril tipo Brent para novembro, referência para a Petrobras, caiu 3,46%, para US$ 90,84 o barril.
Para o especialista em mercados internacionais do C6 Bank, Gabriel Cunha, a nova bateria de dados da economia americana torna ainda mais desafiador o trabalho do Federal Reserve. À leitura do CPI de agosto, na terça-feira, somaram-se hoje os dados que mostram “atividade sólida e mercado de trabalho resiliente”. As vendas no varejo tiveram alta mensal de 0,3% nos EUA em agosto, quando se esperava estabilidade. Já o número de pedidos de auxílio-desemprego teve queda de 5 mil na semana encerrada de 10 de setembro, abaixo das expectativas.
“Desde terça-feira a curva de juros futura aumentou a precificação para o nível terminal da taxa básica em 40 pontos-base, atingindo cerca de 4,5% no primeiro trimestre de 2023, levando a apreciação do dólar contra a grande maioria das moedas e quedas expressivas das bolsas”, afirma Cunha, lembrando que, além da decisão de política monetária, haverá divulgação das projeções do integrantes do BC americano para taxa de juros, PIB, inflação e desemprego.
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