Dólar cai na sessão com fluxo, mas sobe na semana com exterior e política

Ingressos de recursos no Brasil levaram para baixo a cotação do dólar ante o real nesta sexta-feira, 16, com a moeda americana terminando o dia abaixo de R$ 5,30, segundo relatos nas mesas de câmbio. O cenário político também é acompanhado pelos agentes, com resquício de apostas de que a PEC da Transição pode ser […]

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Dólar
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução, Agência Brasil)

Ingressos de recursos no Brasil levaram para baixo a cotação do dólar ante o real nesta sexta-feira, 16, com a moeda americana terminando o dia abaixo de R$ 5,30, segundo relatos nas mesas de câmbio. O cenário político também é acompanhado pelos agentes, com resquício de apostas de que a PEC da Transição pode ser descartada caso não haja mesmo consenso entre o governo eleito e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No exterior, a moeda subiu, ainda na esteira de uma postura mais dura do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA). O cenário hawkish da política monetária global e as incertezas políticas levaram a uma desvalorização de 0,92% do real na semana.

O dólar à vista terminou o dia cotado em R$ 5,2941, queda de 0,41%. A alta semanal é a segunda consecutiva. No segmento futuro, o dólar para janeiro cedeu aos R$ 5,3315 (-0,06%), com giro de negócios de quase US$ 11,5 bilhões e ganho de 1,33% ante a sexta-feira passada.

Desde cedo, o fluxo para o Brasil segurou a cotação do dólar ante o real. A moeda americana subiu no exterior tanto ante divisas fortes quanto emergentes, com os agentes de olho nos desdobramentos da política monetária dos Estados Unidos. Desde que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) elevou os juros na quarta-feira para a faixa de 4,25% a 4,50%, falou em mais aumentos e sinalizou que as taxas permanecerão altas por mais tempo do que o previsto, os agentes passaram a reprecificar os ativos. Dados fracos da economia americana e da China endossaram a tese de o aperto monetário levará o mundo a uma era de baixo crescimento, ou até mesmo de recessão.

Esse cenário disparou a aversão global ao risco ontem, reverberando no mercado hoje. Mas o real permaneceu blindado. Além dos relatos de entrada de recursos para o Brasil pela via comercial e até mesmo pelo mercado de ações, há também aposta de que a PEC da Transição, que autoriza uma expansão fiscal de ao menos R$ 168 bilhões por dois anos, não prospere na Câmara e seja descartada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mesmo se o orçamento secreto for declarado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira, 19.

O fator que ainda emperra votação da PEC na Câmara na terça-feira, 20, é a resistência do PT em ceder espaço ao Centrão no próximo governo. Há ao menos 30 ministros ainda a serem apresentados. Pastas cobiçadas pelo grupo, como Integração Nacional, Cidades e Minas e Energia, também são alvo de aliados de primeira hora de Lula – como o entorno do senador Renan Calheiros (MDB-AL), inimigo político de Lira.

Ainda assim, o calendário da próxima semana, atipicamente cheio para esta época do ano, inspira cautela.

A despeito dessas incertezas, em relatório sobre suas estimativas anuais, o banco americano Wells Fargo espera queda da taxa de câmbio do Brasil ao longo de 2023, em posição de a instituição chama de “cautelosamente otimista”. A projeção é que o preço do dólar ante o real vire o ano na faixa de R$ 5,30 e assim permaneça até o fim do primeiro trimestre. Daí adiante a queda é gradual: R$ 5,20 no encerramento do segundo trimestre de 2023; R$ 5,10 no encerramento do terceiro; R$ 5,00 no quarto; e R$ 4,90 no primeiro tri de 2024.

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