Restaurantes com PF a partir de R$ 7,50 ‘seguram’ preços para não perder clientes no Centro

Diante da inflação que assola o país, o valor dos alimentos no mercado têm acumulado alta constante. Em Campo Grande, mesmo diante do aumento nos valores da comida, os restaurantes populares ‘seguram’ os preços dos PFs (pratos feitos) para não perder os clientes e no Centro da cidade é possível comer pagando entre R$ 7,50 […]

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Diante da inflação que assola o país, o valor dos alimentos no mercado têm acumulado alta constante. Em Campo Grande, mesmo diante do aumento nos valores da comida, os restaurantes populares ‘seguram’ os preços dos PFs (pratos feitos) para não perder os clientes e no Centro da cidade é possível comer pagando entre R$ 7,50 a até R$ 14.

Restaurantes com PF a partir de R$ 7,50 'seguram' preços para não perder clientes no Centro
Foto: Leonardo de França, Midiamax

Na Avenida Afonso Pena, quase esquina com a Rua 13 de Maio, uma placa já atrai os moradores que passam pelo centro na hora do almoço. “Prato Feito R$ 7,50”.

José Roberto, de 65 anos, é dono do restaurante e revelou que o cenário econômico para vender mais barato, não tem sido fácil. “Para ser sincero, estou empurrando com a barriga. Não existe margem, a gente não consegue repassar o preço”, contou o empresário.

O proprietário diz que desde quando o Auxílio Emergencial chegou ao fim, o movimento caiu 20% e o início de 2021 não está bom. “Até dezembro eu consegui manter o giro porque tinha o Auxílio Emergencial e um restaurante perto fechou. Mas esse mês calculo que teremos um prejuízo de R$ 2 mil”, disse.

O valor do PF no restaurante era R$ 7 até outubro do ano passado, mas o reajuste foi necessário para que o estabelecimento não fechasse as portas. “Se sobre R$ 1 ou 50 centavos eu acabo perdendo em 30 clientes. Tem gente que vem com o dinheiro contado para o prato feito. Se eu aumento o preço, eu perco clientes”, afirma.

Uma das alternativas foi vender, além das refeições no almoço, açaí, sorvete e cerveja durante a tarde para conseguir complementar os lucros.

Cliente do restaurante de José, Luciana Vilaça, de 35 anos disse que passou pela calçada, viu a placa e gostou do valor, além do cardápio. “Nesta crise, procuro algo bom e que seja mais barato”, disse. Ela estava na companhia de três crianças.

‘Crise cruel’

Na Rua Dom Aquino, entre a 13 de Maio e a 14 de Julho, um restaurante de PF funciona e luta para não precisar dar ‘os últimos suspiros’. O proprietário, que preferiu não se identificar, disse que se manter durante essa crise é como se ‘fosse um herói’.

Restaurantes com PF a partir de R$ 7,50 'seguram' preços para não perder clientes no Centro
Foto: Leonardo de França, Midiamax

“A gente vai todos os dias no mercado e sente que os preços subiram. Hoje, o valor que pago em um litro de óleo daria para comprar três litros um tempo atrás. O saco de feijão, com o dinheiro que pago atualmente daria para comprar dois sacos. As despesas também estão chegando e aumentaram R$ 400”, disse.

O PF no restaurante é vendido a R$ 8, com o último reajuste feito em novembro do ano passado. Trabalhando na área há 22 anos, o empresário afirma que se as coisas não melhorarem, o estabelecimento fechará.

“Se as autoridades não tomarem uma providência, esse tipo de restaurante vai acabar. Isso aqui era cheio, hoje está com 30% a menos de clientes. Se a economia não reagir até o meio do ano, vou fechar as portas”, comentou.

Mensalistas foram a saída

Restaurantes com PF a partir de R$ 7,50 'seguram' preços para não perder clientes no Centro
Tainara Fernanda | Foto: Leonardo de França, Midiamax

Na Marechal Rondon, Tainara Fernanda, de 20 anos, movimenta um restaurante de PF em sociedade. No estabelecimento o valor do PF é vendido a R$ 14 e, para aliviar o prejuízo, a alternativa foi oferecer um desconto na alimentação para quem topasse em fechar um plano mensal.

“Tivemos que abrir um plano para mensalistas, para empresas, com os valores a R$ 9. No Centro o movimento caiu muito e esses mensalistas representam atualmente 80% do movimento. É com eles que pagamos aluguel, água, luz e funcionários”, pontuou Tainara.

 

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