“O mercado está exigindo mais prêmio muito por conta da questão fiscal, especialmente com essa questão do Bolsa Família. O presidente está atrás nas pesquisas para as eleições de 2022 e quer recuperar a popularidade com programas sociais, mas não se sabe de onde vai vir o dinheiro”, afirma Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora.

Operadores também notaram movimento de realização de lucros e ajustes de posições na reta final dos negócios por partes de investidores à espera da decisão do Copom no período da noite desta quarta. A avaliação é a de que eventual aceleração do aperto monetário, com alta de 1 ponto porcentual da Selic, para 5,25%, e um tom mais duro do Copom podem desestimular parte das apostas contra o real.

Para Iha, da Fair, boa parte do aperto monetário já está embutida no valor da taxa de câmbio e, com o aumento da percepção de risco, é difícil imaginar que vá haver um grande fluxo de recursos para a renda fixa apesar dos juros mais elevados.

Na avaliação do especialista em câmbio da Valor Investimentos, Rafael Ramos, o risco político tende a se exacerbar nos próximos meses, com o debate eleitoral esquentando à medida que o fim do ano se aproxima. Além disso, haverá uma combinação de juros mais altos e inflação elevada. “O dólar deve ficar entre R$ 5,15 e R$ 5,30 agora, mas pode ter uma puxada mais forte no fim do ano”, afirma Ramos.