O futuro do uso de veículos elétricos no mundo é um processo iminente. Enquanto fontes não renováveis para produção de combustível ainda são usadas em larga escala, o planeta percebe o cenário trágico que está por vir e já busca alternativas para a fabricação de automóveis sustentáveis, como as motos elétricas. No Brasil, a ideia caminha a passos lentos. Em Campo Grande, por exemplo, uma capital de quase um milhão de habitantes, não há lojas que comercializem motos elétricas. Quem se interessar pelo produto tem que adquirir fora do Estado.

O consumo por aqui é tão pequeno que somente 12 motos do tipo circulam na Capital, segundo dados do Detran-MS. Já a frota de motocicletas movidas à combustão no Estado é 40 mil vezes maior que a elétrica.

Um dos proprietários de moto elétrica em Campo Grande é o empresário Sandro Ramires. Ele relata que em pouco tempo é possível recarregar o veículo. “Eu faço uma carga nela de três horas na tomada, o que é suficiente para percorrer 55 quilômetros. É uma moto parecida com todas as outras, a diferença é que você liga e ela não faz barulho”, disse.

De acordo com Ramires, a moto atinge uma velocidade máxima de 55 km/h. O modelo que o empresário tem é uma scooter, em que o modo de pilotagem é sentado.

Com as altas sucessivas no preço da gasolina e do etanol, o mercado de veículos elétricos se torna atrativo para não gastar dinheiro com combustível. Numa casa com consumo de até 100 quilowatts-hora (kWh) por mês, o custo exclusivo do recarregamento de uma scooter elétrica é de R$ 69 mensais, segundo cálculo realizado a partir dos dados de consumo disponíveis no site da fabricante.

A autonomia usada como referência é a de 55 km por dia. O mesmo percurso diário feito por uma moto abastecida com gasolina sai por R$ 278 mensais, tendo como base um consumo médio de 35 km por litro. O valor pago pelo derivado de petróleo é quatro vezes maior que o gasto com energia.

Isenção de imposto

Por enquanto, no não há incentivo fiscal que isente ou cobre parcialmente o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) dos elétricos. Estados como Maranhão, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraná e não arrecadam tributos dos proprietários desses tipos de veículos.

Mesmo não havendo benefícios do governo, comprar uma moto elétrica não foi problema para o professor Willie Moura. Morando em Nova Alvorada do Sul, ele pediu sua moto pela internet e esperou a entrega ser feita na porta de sua casa, como se fosse receber uma encomenda qualquer da transportadora.

“Eu comprei pelos relatos do pessoal do YouTube. E quando a moto chegou, até me assustei porque achei que seria fraca, mas não era. Fiquei com ela durante um ano e vendi, pois a marca lançou um modelo mais esportivo, que me atraiu e acabei comprando. Esse foi o único motivo de eu ter vendido a moto, porque ela é espetacular”, avaliou Moura.

Loja em Campo Grande

No Brasil, uma das marcas de motos elétricas mais conhecidas é a Voltz. A empresa, com atuação no País desde 2019, já vendeu mais de 4.000 veículos e a expectativa da fabricante é a de multiplicar cinco vezes sua receita operacional neste ano.

Questionada pelo Jornal Midiamax sobre a abertura de uma loja em Campo Grande, a empresa respondeu que a inauguração será em breve. “A Voltz planeja a abertura de uma loja-conceito em Campo Grande (MS) a partir de fevereiro de 2022. Enxergamos no local um enorme potencial para o segmento elétrico de duas rodas – já que atualmente possui a décima maior frota de emplacamento das capitais brasileiras”, revelou Renato Villar, CEO da marca.

Ver nas ruas da cidade carros e motos elétricas pode ser uma realidade não muito distante. Embora atualmente os preços não sejam animadores, o aumento do consumo com o passar do tempo pode diminuir os custos. Como alternativa ao esgotamento inevitável dos combustíveis fósseis, a adoção de veículos elétricos já é argumento forte para essa tecnologia perpetuar-se.

Recentemente, a União Europeia decidiu propor um rasgo de 55% nas emissões de gás carbônico de automóveis até o ano de 2035. Dessa forma, será impossível comprar um veículo a combustão nos países do bloco.

“Conforme o tempo passa, as motos elétricas vão evoluindo muito. O modelo que eu comprei tem autonomia de até 180 km. Se isso se confirmar na prática, para mim não há mais necessidade de ter moto à combustão”, afirmou Willie Moura.