Na contramão da crise, 35 novas farmácias abriram em MS durante a pandemia
O segmento de farmácias tem registrado um aumento na demanda nesse período de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus. Na contramão de outros setores, como comércio geral e alimentação fora de casa, por exemplo, o setor tem crescido e em cinco meses, 35 novas farmácias abriram em Mato Grosso do Sul. Enquanto empresários e […]
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O segmento de farmácias tem registrado um aumento na demanda nesse período de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus. Na contramão de outros setores, como comércio geral e alimentação fora de casa, por exemplo, o setor tem crescido e em cinco meses, 35 novas farmácias abriram em Mato Grosso do Sul.
Enquanto empresários e microempresários amargam a instabilidade da pandemia da Covid-19, o setor farmacêutico, incluído nos serviços essenciais durante esse período, tem sido cada vez mais solicitado.
De acordo com o CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia), o número é equivalente a estabelecimentos que foram inaugurados desde março, quando a pandemia se instaurou no Estado. Do total, nove empresas farmacêuticas foram abertas em Campo Grande neste período.
Apesar de novas inaugurações, houve encerramento de atividades em seis estabelecimentos, sendo dois na Capital e quatros farmácias fechadas no interior de MS. O Conselho explicou que, de fato, o número de fechamento é pequeno, mas podem haver estabelecimentos que fecham e não solicitam a baixa oficial no CRF-MS.
Vale lembrar que, levantamento realizado em 2019 já mostrava que as farmácias são estabelecimentos fortes economicamente no Estado, principalmente em Campo Grande. Conforme os dados do conselho, na época, a quantidade de estabelecimentos farmacêuticos na Capital era 231% maior que o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Apesar de estar na média nacional, a Capital extrapola o recomendado pela OMS, que estima uma farmácia para cada 8 mil habitantes. Segundo apontavam os dados, existem 321 farmácias em Campo Grande, o que equivalente a uma farmácia para cada 2,4 mil pessoas.
Crise econômica x coronavírus
Um dos setores mais impactados com a pandemia da Covid-19 no país foi o comércio. Empresas, das pequenas até as grandes, sofreram prejuízos financeiros imensuráveis com a crise que assola o mundo todo. E em Campo Grande, muitos comerciantes não suportaram a instabilidade e fecharam as portas de vez.
A CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) realizou uma pesquisa junto a base de dados da SPC Brasil, que revelou que em três meses, 18 mil empresas fecharam na Capital.
Com base nos CNPJs, a instituição diz que em março, Campo Grande tinha 122 mil registros. Existiam mais de 63 mil registros de microempreendedores, 22 mil prestadores de serviço, 24 mil comércios e 12 mil atividades relacionadas ao varejo. Ainda segundo a CDL, do total de prestadores de serviços e comércio, 46 mil, 43 mil eram micros, 2 mil eram pequenos, 243 médios e 346 grandes empresas.
Em junho, conforme a CDL, Campo Grande o número de CNPJs baixou para 98 mil, sendo que 62 mil são microempreendedores individuais, os prestadores de serviço caíram para 14 mil e o comércio para 13 mil.
Do total de prestadores de serviço e comércio, 28 mil, as micro empresas diminuíram para 25 mil, segundo a pesquisa da instituição, além de as pequena para 1.9 mil e as 209 médias. Mesmo as grandes empresas não teriam aguentado a pandemia, pois das 346 existente em março, apenas 266 ainda estão abertas.
Por outro lado, a Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul), fez um levantamento semestral, que apontou o encerramento de 845 empresas em Campo Grande. Conforme os dados encaminhados ao Jornal Midiamax, 412 comércio encerraram as atividades, 400 prestadores de serviço e 33 indústrias fecharam na Capital.
Cuidados com a automedicação
Encontrar uma farmácia em cada esquina que caminhar pode ter uma explicação, conforme a farmacêutica Maria Tereza Monreal, coordenadora do curso de Farmácia na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Para ela, a expectativa de vida dos brasileiros vem crescendo e conforme são pontuadas as medidas de proteção sanitária e social, o acesso aos medicamentos contribuíram para esse crescente aumento.
“O crescimento desse setor responde a essa demanda e está associado ao fato desse tipo de estabelecimento ‘ainda’ ser considerado um estabelecimento comercial, apesar da legislação considerar a farmácia como estabelecimento de saúde. Dessa forma, ela ainda é regida pela Lei de Mercado, ou seja, aumentasse a demanda, surge a oferta para equalizar a situação”, disse a farmacêutica.
Monreal explica que a quantidade de farmácias em Campo Grande se encaixa na média nacional, de uma farmácia para cada 2,4 mil habitantes. No entanto, o dado é preocupante, pois quanto maior o acesso da população, maior a possibilidade de usar os remédios de forma irracional. No entanto, explica que isso depende de estabelecimento para estabelecimento.
“Não é a quantidade de farmácia que fomenta a automedicação, mas a pressão da mídia e das indústrias, o perfil do empresário, o perfil do usuário, a falta de informação e a falta do profissional farmacêutico na gestão técnica do estabelecimento”, pontuou.
A farmacêutica lembra que a automedicação responsável é estimulada pela OMS, como forma de desafogar os serviços públicos de saúde. “E automedicação responsável é aquela na qual o farmacêutico auxilia a escolha farmacológica adequada para tratar condições de saúde consideradas distúrbios menores. Nessas situações podem ser prescritos pelos farmacêuticos os medicamentos isentos de prescrição”, explicou Monreal.
No entanto, todos os cuidados são necessários, pois a automedicação desenfreada pode causar intoxicação, internações hospitalares, reações adversas, interações medicamentosas e até a morte. Por isso, Maria Tereza salienta que a orientação de um farmacêutico na hora de comprar os medicamentos é indispensável.
“Automedicação responsável deve sempre ser orientada por um profissional qualificado – entre eles, o farmacêutico”, finalizou.
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