‘Apagão’ de matéria-prima prejudica estoques e preço de embalagens sobe até 40% em MS
A retomada das atividades está ocorrendo de forma mais rápida do que o esperado. Essa situação está causando um cenário atípico: a dificuldade das indústrias em comprar matéria-prima o suficiente para acompanhar a demanda de produção. Um dos setores mais afetados é o de embalagens, que viu os preços subirem cerca de 40% em Campo […]
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A retomada das atividades está ocorrendo de forma mais rápida do que o esperado. Essa situação está causando um cenário atípico: a dificuldade das indústrias em comprar matéria-prima o suficiente para acompanhar a demanda de produção. Um dos setores mais afetados é o de embalagens, que viu os preços subirem cerca de 40% em Campo Grande.
Além disso, a quantidade limitada de produção faz com que fornecedores não consigam atender a todos os clientes. Isso reflete nas lojas de embalagens da cidade, que enfrentam dificuldade para repor o estoque.
É o caso de Adélia Guedes, proprietária de uma loja no Bairro Tiradentes. “Estou tendo que pegar produto no meu concorrente para não perder cliente”, lamentou.
Ainda conforme a empresária, a maior dificuldade é encontrar fornecedor com estoque para vender. “Tem uma marca de copos descartáveis que trabalho que a indústria fechou os pedidos desde setembro. Outras indústrias que estão tendo mercadorias já me informaram que só em dezembro para fazer pedido”, informou.
A situação tem gerado alta nos preços de 40% em alguns itens na loja, mas Adélia afirma que está absorvendo parte desse reajuste. “Não tenho coragem de repassar todo o aumento”, declarou.
Empresas se viram como podem
Já em outra empresa de embalagens, no Bairro São Jorge da Lagoa, a situação está sendo contornada, porém, eventualmente, a loja sofre com a falta de produtos. “Ficamos uma semana com escassez de produtos, mas conseguimos contornar através de parcerias com nossos fornecedores”, declarou uma funcionária que trabalha no administrativo e preferiu não se identificar.
A funcionária explica que o estoque está no limite desde agosto, quando começou a alta procura por polietileno – que é um dos tipos mais comuns de plástico. “Assim, tudo que vai esse material está tendo reajuste”, explicou.
O material é base para itens como copos descartáveis, potes e até marmitas.
Para Maira Rodrigues de Freitas, que trabalha há 20 anos com embalagens em uma distribuidora em MS, a pandemia afetou a produção da matéria-prima, que ocasionou o aumento no preço dos produtos.
“Já estamos comprando mais caro, mas como compramos em grande quantidade, conseguimos negociar melhor”, avaliou Maira, explicando que o estoque está menor, mas a empresa já está preparando grandes compras para não correr o risco de ficar sem os produtos.
‘Apagão’ nas indústrias
Com a retomada da atividade econômica, as encomendas canceladas se acumularam às novas encomendas e, por conta dessa demanda, associada ao desequilíbrio provocado pela ruptura da cadeia com o fechamento, o empresário está tendo dificuldades.
“Hoje, muitos setores que estavam com estoques praticamente zerados já sentem até dificuldades para aquisição de insumos e matérias-primas devido ao aumento repentino da demanda, afirmou o presidente do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Carlos Valter Martins Pedro.
Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) transforma esta realidade em números. Ao todo, 68% das empresas pesquisadas relataram dificuldades para comprar insumos no mercado doméstico. Ou seja, cerca de dois terços das indústrias. Pouco mais de 55%, que usam insumos importados, estão com dificuldades de comprá-los no mercado internacional.
E, para piorar, mais de 80% das indústrias perceberam que os preços subiram.
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