Caged reforça mensagens do BC de otimismo com economia e juros fecham em alta

O movimento de alta dos juros futuros ganhou força na tarde desta quinta-feira, 19, após a divulgação do saldo positivo de criação de vagas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de novembro bem acima do esperado. O resultado reforçou a cautela em relação ao futuro da Selic, ao endossar a mensagem da ata […]

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O movimento de alta dos juros futuros ganhou força na tarde desta quinta-feira, 19, após a divulgação do saldo positivo de criação de vagas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de novembro bem acima do esperado. O resultado reforçou a cautela em relação ao futuro da Selic, ao endossar a mensagem da ata do Copom, do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado hoje e das declarações recentes de membros do Banco Central, de que a retomada da economia está ganhando “tração”. Ainda que tais fatores ajudem a explicar a pressão sobre as taxas curtas e intermediárias, as que mais subiram foram as do trecho longo, efeito, segundo fontes nas mesas de renda fixa, de fatores técnicos típicos desta época de fim de ano.

O aumento da pressão sobre a curva chamou a atenção porque não foi acompanhado pela Bolsa nem pelo câmbio. Com a curva ganhando inclinação, as taxas longas abriram cerca de 15 pontos-base e a do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 voltou a romper o patamar dos 7% pela primeira vez desde 2 de outubro. Fechou a sessão regular em 7,02% e a estendida em 7,05%, de 6,901% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2023, que não subia acima de 6% desde 27 de novembro, terminou em 6,06% (regular e estendida), de 5,922% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou em 4,66% (regular) e 4,67% (estendida), de 4,601% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,72% (regular e estendida), de 6,562% ontem.

O RTI e as declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, se não chegaram a exercer influência direta sobre as taxas, ao menos mantiveram a percepção que, se o ciclo de corte de juros já não acabou, está quase no fim.

As apostas se tornaram ainda mais conservadoras com os dados do Caged, após os quais as taxas passaram a renovar máximas em sequência. O saldo de 99.232 postos de trabalho em novembro foi o melhor resultado para o mês desde 2010, superando com folga o teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (67,8 mil vagas).

“Em que pese que o mercado de trabalho vem passando por mudanças estruturais via novas tecnologias e novos arranjos jurídicos, logo as vagas criadas não representam uma elevação de renda forte no primeiro momento, é evidente que o mercado de trabalho está se recuperando após um longo inverno”, disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Nesse contexto, seria esperado que a ponta longa ficasse mais bem comportada, mas, ao contrário, foi o trecho mais pressionado O ganho de inclinação não teve respaldo no noticiário e, uma vez também que o estresse ficou restrito ao mercado de juros, a explicação passa por fatores técnicos, em especial dois grandes fundos que teriam reduzindo posições vendidas, distorcendo os preços.

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