Vendas de materiais de construção desabam e cenário preocupa empresários
Carga tributária e custos fixos subiram em 2016
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Carga tributária e custos fixos subiram em 2016
As vendas de materiais de construção neste início de 2016 estão longe de animar os empresários. O setor apresenta quedas consecutivas desde o ano passado. Com a crise e o aumento da carga tributária, os campo-grandenses deixaram de investir na construção e o cenário preocupa os empresários.
“Nós nunca vimos um ano tão ruim como o ano passado, desde a copa que as vendas estão fracas. 2015 foi o pior desde que iniciei a loja, há 19 anos”, afirma o proprietário de um depósito, José Ronaldo de Oliveira. Segundo ele, as maiores vendas são de materiais de construção usados.
Para a proprietária de um depósito, Rosângela Mariane de Camargo, a procura por material de construção sentiu reflexo da economia. “Os custos fixos com a luz e água, por exemplo, subiram muito no último ano enquanto a renda não aumentou. Com isso, não teve como não repassar os custos no material. A crise afetou e muito as vendas. Sentimos uma diminuição de 20% a 30%”, explica.
As vendas de materiais de construção no país caíram 20,5% em janeiro, segundo a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção). E a expectativa para os próximos meses não é nada animadora. O setor prevê redução nas vendas de 4,5%. O nível de empregos na área também caiu, 8,9% em janeiro sobre o mesmo mês de 2015.
De acordo com o diretor-executivo do Sindiconstru (Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção de Campo Grande), Mário Sérgio Marinho, o custo médio por m² no país é de R$ 790,00, enquanto no estado esse custo quase dobra, chegando a R$ 1.480,00.
Segundo ele, as vendas se mantiveram no começo deste ano. “As vendas ficaram iguais, não diminuíram, mas também não aumentaram. Lojas de grande porte até aumentaram as vendas porque abriram um outro ponto, o que faz as vendas subiram”, disse.
A explicação, para ele, na baixa das vendas nas pequenas e médias lojas de materiais de construção está na estação e no aumento dos preços repassados aos consumidores. Janeiro foi um mês muito chuvoso. “Todas as obras tiveram que ser paralisadas. Aqueles que estavam reformando ou construindo tiveram que parar. O pequeno e médio comerciante também foi prejudicado com a carga tributária que passou a vigorar neste ano. Os grandes compram das distribuidoras, mas os pequenos comprar dos grandes. Com isso, não tem como eles não repassarem um aumento nos produtos, enquanto o grande tem bastante estoque e não passar os valores por agora”, explica o diretor-executivo.
O Governo do Estado fez uma mudança de forma de tributação da mercadoria (ICMS) no dia 23 de dezembro, o Decreto 14.359, que passou a vigorar no dia 1º de janeiro.
Pisando no freio
Para o empresário José Ronaldo de Oliveira, as pessoas não investem mais em construção como em anos anteriores. “O pessoal não está querendo gastar muito. Nos últimos dois anos foram vendas pingadas mesmo. Eles vêm comprar poucos produtos, não investem em construção como antigamente”, diz.
A crise política para Ronaldo é a explicação. “Mas do que uma crise econômica, estamos com uma crise política na cidade. A crise mesmo está no brasileiro, e não no país”, destaca.
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