Empresários podem estar optando por um inquilino em vez de vários

 

Em dinâmica, mudança o Centro da Capital parece estar dando adeus a uma tendência que parecia ser próspera entre 2010 e 2014: os shoppings populares. Só na Rua Dom Aquino, importante endereço comercial de Campo Grande, dois empreendimentos do gênero estão de portas fechadas, assim como outro da Avenida Calógeras com a Rua 26 de agosto, que irá se tornar com finalidade de órgão público. O Midiamax conversou com um dos locatários desse tipo de espaço comercial que prefere esperar meses para ter um inquilino máster do que continuar com os seus mais de trinta inquilinos anteriores. 

“O espaço comercial que temos é privilegiado e com uma posição muito boa na área Central por isso fiz a opção de mudarmos o sistema de locação. Muita gente pensa que foi por uma questão da Economia ou que tivemos problemas, mas foi pela procura de uma nova oportunidade de Mercado”, conta o proprietário e administrador do empreendimento que tinha 36 lojas pequenas, que pagavam ali um aluguel de cerca de R$ 600,00 conforme apurou o Midiamax.

O Shopping Dom Aquino, do qual a reportagem ouviu o proprietário está a oito meses de portas fechadas. O médico Antônio Gentil, que é dono do local confessou ao Midiamax que prefere esperar do que manter o negócio imobiliário no modelo anterior. De acordo com ele que se dividia entre a sua atividade profissional e a cobrança dos 36 alugueis a delonga é com certeza mais vantajosa.

Na mesma rua outro empreendimento que também já voltado ao gênero popular, este na outra quadra, quase em frente as Lojas Americanas, também está sem funcionamento a mais de seis meses. 

Negócio da Moda

A modalidade de negócio com mini shoppings populares se tornou bem comum em Campo Grande nos últimos dez anos com pelo menos seis empreendimentos abertos com essa finalidade na área central de Campo Grande. Os centros comerciais oferecem como vantagens a virtual concentração de clientes com maior oferta de produtos e serviços em pontos estratégicos, com disponibilidade de praça de alimentação e uma padronização das estruturas. O que fez muitos lojistas trocarem o aluguel de um prédio físico para ter uma saleta dentro de um shopping popular.

“Tive loja na 14 de Julho por vários anos e depois das crises econômicas no Governo FHC vendi e depois optei por investir em lojas nesse tipo de shopping popular. Hoje temos duas, no mesmo Centro Comercial e tínhamos outra no Shopping Pantanal, que fechou recentemente. Acredito que ali a estratégia do dono foi equivocada já que iniciou com uma cobrança de aluguel alta que o impediu de efetivar a lotação do empreendimento. Só metade ficou alugada já que o preço era na época o mesmo do Shopping Pantanal, com melhor estrutura, mais tempo de mercado e mais lojas, 90% sempre ocupado” diz o empresário Nagib Jade, com 40 anos de atividade no comércio.

Para o Sr. Nagib o aluguel alto, assim como a falta de controle dos custos fixos por parte do pequeno empresário pode ser fatal a sobrevivência do negócio. Segundo ele, a fragilidade é muito grande no início e o empreendedor precisa ter cuidado com os compromissos que fecha, já que a concorrência é muito forte. Estar dentro de um Centro Comercial seria uma vantagem para o empresário quanto a facilidade de atrair o consumidor, com maior número de ofertas e serviços em um local só. No entanto, se o local “não der liga” o pequeno empresário precisa o quanto antes migrar sua sede para não ser surpreendido como já aconteceu com o fechamento de outros shoppings populares.

“Já me falaram até para dar aula sobre negócios, com os meus 40 anos de Mercado. Já passei por muita coisa, hoje vejo tudo de uma outra forma e passo o conhecimento à família ou a colegas que me procuram. O Mercado muda constantemente e é preciso se adaptar. Por exemplo, as vezes o locatário para se garantir determina toda uma burocracia para o inquilino, com cheque calção, aluguel alto, cláusula de rescisão, o que para o pequeno empresário é ruim. O ponto do Shopping Dom Aquino é melhor em termos de localização que o do Shopping Pantanal, sei porque tive negócio nos dois. Mas a gestão interfere muito”, diz Nagib.