Nota da Standard & Poor’s gera reação em cadeia na economia
Agostini avalia que o rebaixamento já era esperado, mas o tempo entre uma nota e outra causou surpresa
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Agostini avalia que o rebaixamento já era esperado, mas o tempo entre uma nota e outra causou surpresa
O rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor’s provocou uma reação no mercado nesta quinta-feira (10), com o dólar subindo e a bolsa operando em baixa. Neste cenário de momento conturbado política e economicamente, crescem ainda mais as especulações sobretudo no setor financeiro. Analistas alertam que, se esta tendência permanecer nos próximos dias, mostrará não apenas um momento delicado do pais, mas sobretudo que muitos investidores aproveitam este momento para “jogar contra o país”, acirrando ainda mais especulações para obter lucro diante do cenário instável.
O economista Alex Agostini, da Austin Rating, alerta para a tendência de que as duas principais agências de classificação de risco, a Fitch e a Moody’s, sigam a mesma tendência da S&P. É apenas questão de tempo para que elas se pronunciem, afirma ele. “Cada uma tem sua própria metodologia, mas a perspectiva é mesmo de queda”.
Agostini avalia que o rebaixamento já era esperado, mas o tempo entre uma nota e outra causou surpresa. “O rebaixamento surpreendeu pelo momento em que veio, porque faz pouco tempo que a S&P rebaixou a perspectiva. Geralmente, demoram mais. Esperava-se que a nota viesse no final do ano ou no início de 2016”.
O economista citou o relatório da S&P, que aponta o déficit de R$ 30,5 bilhões do Orçamento de 2016, e acrescentou que fatores políticos também precipitaram o resultado. Para ele, o grau especulativo acentuará o cenário de recessão.
“O governo perdeu sua base de apoio, tem um embate grande com o Congresso e o PMDB não quer aprovar nenhum aumento de impostos. Essa disputa política é ruim para a economia e isso impacta diretamente nas avaliações de risco. A expectativa de queda da produção industrial e do PIB alimenta ainda mais esse ciclo recessivo do país”.
Na noite de quarta-feira (9), os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras, títulos negociados em Nova York, tiveram queda de 5,5% assim que a S&P anunciou a nota. Agostini afirma, porém, que a queda é prenúncio da nota que a S&P deve lançar nas próximas horas para empresas que têm o governo como sócio majoritário.
“É o governo quem coloca dinheiro na Petrobras em momentos de dificuldade. Por isso, a S&P deve anunciar também o rebaixamento da nota dessa categoria de empresas. Essa nota deve ser dada, no máximo, nos próximos dois dias. Isso explica a queda dos ADRs”, analisa.
Na manhã desta quinta-feira (10), a presidente Dilma Rousseff se reuniu com ministros e integrantes do governo para pedir urgência no anúncio de cortes de despesas e na definição com o Congresso para a criação de novas receitas. Às 14h, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dará pronunciamento para comentar o rebaixamento e os próximos passos do governo.
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