Lucro da Sabesp despenca 53% em ano de crise

O endividamento da companhia chegou a 3,64 vezes o EBITDA

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O endividamento da companhia chegou a 3,64 vezes o EBITDA

O lucro da Sabesp caiu 53%, para R$ 903 milhões, em 2014, em meio à crise hídrica que atinge o Sudeste do País. O valor é o menor pelo menos desde 2010. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (26).

Com o tombo, os 5.010 acionistas da companhia (o governo paulista é o maior deles, com 50,3% do total dos papéis) irão receber R$ 252,3 milhões em juros e dividendos relativos a 2014, ou cerca de R$ 0,37 por ação, ante os R$ 537,5 milhões de 2013 (R$ 0,79 por ação)

O resultado da companhia foi prejudicado o menor consumo de água por parte da população – de 163 litros , caiu para 126 litros por habitante por dia, ainda assim acima dos 100 considerados o mínimo confortável pela ONU.

A política de bônus de até 30% para os clientes que economizarem, além de fazer a Sabesp vender menos água, custou R$ 376,4 milhões à companhia. A empresa, entretanto, admitiu que deve estender o programa de bônus, iniciado em 2014, até dezembro de 2014, e não descarta a oficialização de um rodízio.

Outro estímulo ao menor consumo de água, a sobretaxa de até 100% para quem elevar o consumo que entrou em vigor em 2015 também não tem nenhuma previsão de acabar. 

Para equilibrar as contas, a Sabesp, dentre outras medidas, deixou de repassar recursos ao Fundo Municipal de Saneamento e Infraestrutura de São Paulo previstos no contrato firmado com a prefeitura da capital. O volume equivale a 7,5% da receita obtida com a prestação dos serviços na cidade, que equivalem a quase metade de toda a receita bruta da companhia.

A empresa também cortou o quadro de funcionários em 1,7%, para 15.015 empregados, 262 a menos que em 2014. A medida foi adotada sobretudo por meio da redução de admissões (foram 536 em 2014 e 26 em 2015). Ainda assim, as despesas trabalhistas subiram aproximadamente 10%.

O endividamento da companhia chegou a 3,64 vezes o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ficando próximo do limite de 3,65 estabelecido em alguns contratos de dívida.

No total, a companhia investiu R$ 834 milhões no fornercimento de água em 2014, e deve elevar essa fatia para R$ 1,5 bilhão em 2015 e R$ 1,9 bilhão em 2015.

Os dados fazem parte das demonstrações financeiras da companhia, entregues nesta noite à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O documento, que menciona alterações no Conselho de Administração da empresa, não informa que Sidnei Franco da Rocha, aliado político de Alckmin e alvo de ações por improbidade administrativa, foi incluído no órgão.

As demonstrações apontam ainda que a percepção positiva dos clientes sobre a Sabesp caiu em 2014 para 89%, ante 80% em 2013, abaixo da meta de 85% que seri necessária para o pagamento de bonificações aos seus administradores.

Perdas caem, mas podem subir

A crise também levou a companhia a acelerar a redução de perdas de água. De 2010 a 2013, as perdas haviam caído de 403 litros por dia por ligação para 372. No ano passado, esse índice atingiu 319 litros por dia.

A Sabesp admite, porém, que esse número é provisório, pois foi obtido por meio do fornecimento de água a 10% da pressão mínima exigida pela legislação. Quando o fornecimento for normalizado, as perdas podem voltar a subir.

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