A divisa americana subiu 0,83% na sessão desta quinta-feira, após avançar 0,38% na véspera

O dólar subiu quase 1% ante o real nesta quinta-feira, com investidores ainda mostrando preocupação com a economia brasileira e a crise em torno da dívida da Grécia, que novamente entrou em impasse com seus credores europeus após a Alemanha rejeitar seu pedido de extensão do resgate.

A divisa americana subiu 0,83%, a R$ 2,8657 na venda, após avançar 0,38% na véspera. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 900 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões).

“Na dúvida, o mercado tem comprado dólares. Como tanto aqui quanto lá fora têm sido fontes de incertezas, qualquer queda acaba se mostrando temporária”, disse Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam.

A perspectiva de contração econômica neste ano, combinada com inflação alta, tem sido um dos principais fatores por trás da escalada recente da moeda americana. Alguns investidores temem um rebaixamento da classificação de risco brasileira, diminuindo a atratividade de ativos domésticos.

Além disso, o impasse em torno da dívida da Grécia, que também vem contribuindo para a alta do dólar, continuou gerando ruídos.

Incerteza estrangeira
O governo grego solicitou nesta quinta-feira uma extensão de seis meses de seu programa de resgate, prometendo honrar suas dívidas e não tomar medidas unilaterais que afetem as metas fiscais.

Mas o porta-voz do ministério das Finanças da Alemanha afirmou que a proposta não representa uma solução substancial. “Mais do que tudo, o mercado quer clareza. Chegamos a um ponto em que o mercado ficou cético quanto à Grécia”, disse o operador de uma corretora nacional.

Pela manhã, a alta do dólar chegou a ser limitada por expectativas menores de alta dos juros nos EUA. Na véspera, a ata da última reunião do Federal Reserve mostrou que integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) temem elevar os juros cedo demais, o que diminuiu as apostas em que o aperto monetário nos EUA pode ter início já em junho.

Mas parte desse alívio foi revertido nesta sessão por dados melhores que o esperado sobre os pedidos de auxílio-desemprego no mercado de trabalho americano.

“O fato é que a economia norte-americana está em trajetória de recuperação. A comunicação do Fed gera um ajuste fino nas apostas, mas não há dúvidas de que não vai demorar muito para o aperto (monetário nos EUA) começar”, afirmou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

Venda de dólares do BC
O Banco Central brasileiro continuou com às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 800 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.200 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,9 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 66% do lote total.