Trabalhadores temem até demissões motivadas pelo reajuste

A partir de amanhã, 1º de janeiro de 2016, o (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do sobe novamente para 17% e o preço do litro nas bombas deve ficar até R$ 0,15 mais caro, ou voltar ao que era seis meses atrás, antes do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) assinar o decreto e baixar o percentual para 12%, sob a condição de aumento do consumo, para que a diminuição não causasse prejuízo aos cofres públicos, o que não aconteceu.

Os consumo na verdade, não só não chegou perto da meta de 40%, como diminui em relação a 2014, quando entre julho e 30 de novembro, foram comercializados 651 milhões de litros. Já neste mesmo período de 2015, foram apenas 646 milhões de litros.

Os números apresentados pelo governo para justificar a volta aos 17% são rebatidos pelo presidente da Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística de MS), Cláudio Cavol, que usou o cenário de crise nacional, o pouco tempo e resistência dos postos de combustíveis em repassar os valores, como exemplo para justificar a queda.

“Nós achamos que o tempo foi muito curto para que pudéssemos aumentar realmente esse consumo interno, principalmente desses caminhões que só cruzam o nosso Estado. Os postos de gasolina também não se adequaram com os preços, não reduziram como deveriam ter reduzido. Aliando isso a crise econômica do Brasil, onde houve uma redução de 8% no consumo de diesel, não conseguimos o aumento de arrecadação esperado pelo governo do Estado”, alegou Cavol.

O presidente ainda destacou que o aumento do ICMS vai refletir diretamente na inflação interna de MS. “Alguns estudos mostram que isso vai causar um impacto de 3% a 4% na inflação interna de MS, principalmente nos alimentos. Tantos nos produzidos aqui, como os que vem de outros Estados”, frisou.

Nos postos de combustíveis a procura já aumentou nos últimos dias, deixando os estoques baixos, que deve gerar um aumento imediato. “Até segunda-feira (4) todos os postos devem reajustar os preços, porque vão acabar com os estoques no fim de semana, e quando forem comprar já terão que pagar mais pelo litro”, finalizou Cláudio.

O caminhoneiro Willian Adriane Pissioli, de 42 anos, há 15 nas estradas, disse que lamenta a decisão do governo, e terá que voltar a atravessar a fronteira para abastecer com um preço mais em conta. “Eu sou de Aparecida do Taboado, que faz divisa com o Estado de São Paulo, e antes dessa diminuição eu só abastecia lá. Daí quando o ICMS diminuiu, o preço aqui em MS ficou igual ao de lá, então dei preferencia à minha cidade, mas agora devo voltar à São Paulo”, explicou.

Para abastecer o tanque da carreta, de 550 litros, em sua cidade, onde o litro do diesel está sendo comercializado a R$ 2,83, Wilian gasta R$ 1556,50. Supondo que o litro fique R$ 0,15 mais caro, algo em torno de R$ 2,98, o caminhoneiro gastaria pelo menos R$ 163, ou seja, R$ 82,5.

Willian também revelou outra preocupação, que também é divida pelos funcionários de um posto que fica as margens da BR-163, a brusca diminuição da clientela. Ele é amigo do proprietário do posto onde abastece, e explicou que era triste ver o movimento no local seis meses atrás, e que agora deve voltar á ficar abandonado. Já um frentista do posto em , revelou que teme uma demissão, como alternativa para o corte de gastos.

CPI

O governo não descarta repetir a medida de redução de alíquota, porém só vai voltar a discutir a questão com o fim da CPI que apura eventuais irregularidades nos preços praticados na distribuição e comercialização do óleo diesel nos postos sul mato-grossenses.

 No começo da semana, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) questionou os altos valores pagos pelos consumidores do Estado se comparado ao vizinho Estado de São Paulo, onde, segundo ele, o combustível chega a ser encontrado na região de fronteira entre os entes com uma diferença de até R$ 0,50 por litro.