O relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgado nesta quinta-feira trouxe dados que apontam um cenário de oferta confortável para a soja – a estimativa é de que a norte-americana 2010/11 seja de 93,43 milhões de toneladas.

Paralelamente, a demanda mundial, principalmente a chinesa – que deve ser de 52 milhões de toneladas neste ano, se mostra muito firme, o que promove um equilíbrio no mercado, evitando que as cotações sejam pressionadas.

Nos últimos dias o mercado financeiro como um todo tem se mostrado mais pesado diante de notícias de preocupação com as economias globais, o que poderia afetar o ritmo de crescimento da demanda. Entretanto, “quando avaliamos a questão da procura por alimentos, por commodities alimentares, o cenário é um pouco distinto. Nos últimos meses tivemos o problema com o trigo e com isso o mercado fica mais receoso, e a relação oferta x demanda é muito ajustada. Nesse momento, o cenário de demanda é o que traz essa sustentação para o mercado”, diz o analista de mercado Ricardo Lorenzet, da XP Agro.

Embora a tendência não seja essa, caso os problemas econômicos afetem a demanda chinesa, o impacto nas commodities agrícolas deverá ser menor do que em commodities energéticas ou metálicas, explica Lorenzet. O reflexo seria mais expressivo em termos especulativos, e qualquer movimento mais expressivo de retração econômica na China pode pressionar o mercado da soja.

Produção brasileira – Para o analista, a safra brasileira deve ficar entre as duas previsões vistas nesta semana, de 70 e de 65 milhões de toneladas, com um volume similar ao colhido no último ciclo.