A queixa generalizada entre os pequenos produtores e revendedores de hortifrutigranjeiros da Ceasa (Central de Abastecimento) de Mato Grosso do Sul é com a alta carga tributária praticada pelo atual governo. Eles reclamam das alíquotas e da forma de cobrança dos impostos (antecipadamente), das taxas e até do valor do aluguel dos boxes, que ficaram mais caros nos últimos anos.
As queixas foram feitas ao candidato a governador Zeca do PT, que na manhã desta terça-feira fez uma visita ao barracão. O petista chegou por volta das 5h à Ceasa, acompanhado dos candidatos a senador, Dagoberto Nogueira e a deputado estadual, Paulo Pedra, ambos do PDT. Visitou cada box, ouviu muitas reivindicações e queixas e recebeu várias manifestações de apoio. Uma nova reunião, desta vez com todos os produtores, ficou de ser agendada para formalizar os pedidos e ouvir as propostas do candidato.
Impostos
O casal Melvis e Marisa, do box Sato, sintetiza o sentimento de repúdio dos comerciantes da Ceasa à carga tributária do atual governo. Estabelecidos há 15 anos na Ceasa, eles confessam que nunca votaram em Zeca. “Mas agora vamos votar. A gente compara e vê que no governo dele [Zeca] foi muito melhor. Em quatro anos o André só faz pegar no nosso pé. O imposto do André come todo nosso lucro”, disse a comerciante.
Um a um, os pequenos produtores repetiram a queixa formulada pelo casal do box Sato.
Roberto Raimundo Silveira, do sítio Nova Querência, orgulha-se de ser o maior produtor de quiabo do Estado, mas reclama dos impostos, taxas e do valor do aluguel do box. “Tudo aumentou no atual governo”.
José Luís Tote, do Sítio Água Doce, de Dois Irmãos do Buriti, denuncia que a produção de fora chega mais barata por conta da alta carta tributária que os produtores daqui têm que pagar. “Sem contar que o que é produzido no interior, tem que tirar nota, enquanto alguns produtores da Capital se beneficiam do romaneio (sistema de transferência de mercadorias entre filiais e matriz), não precisam nem de nota”.
Concorrência desleal
Para fazer frente ao preço dos produtos vindos de fora, os produtores sul-mato-grossenses são obrigados a reduzir a margem de lucro, já que os impostos são muito altos. O problema é que muitos não conseguem sobreviver e partem para outro ramo. A queda na produção de hortifrutigranjeiros no Estado já chega a 50% na produção de hortifrutigranjeiro, devido à concorrência desleal com os grandes produtores de fora, trazidos pelas redes supermercadistas.
Mato Grosso do Sul fornece apenas 17,96% dos produtos comercializados na Ceasa; São Paulo responde por 35,51% do total; Paraná 16,49%, Santa Catarina 13,02 % e o restante, 17,02%, vem de outros estados. Os números são da própria Ceasa.
A voracidade tributária do atual governo provoca um fato esdrúxulo, lembra o advogado Claudinei Braga. Os paulistas e paranaenses pagam mais barato do que os sul-mato-grossenses pelo leite São José, produzido aqui. Isso porque em São Paulo e no Paraná a carga tributária é menor, enquanto aqui o imposto proibitivo assola o poder aquisitivo do consumidor.
Claudinei Braga visita a Ceasa toda semana para abastecer a conveniência de sua esposa, no São Francisco. Ele reclama ainda que a carne já sai do frigorífico taxada, “antes não era assim”. “O custo de vida na Ceasa triplicou por conta das taxas”, afirma.
Outro comerciante muito conhecido no local, Rubão do Ceasa, ex-presidente da Associação, reclama da nota eletrônica e do terror fiscal. “A gente não pode nem piscar que a fiscalização está na porta da Ceasa”.
Os comerciantes pediram ainda mais policiamento, reforma e entrega do segundo barracão, que está apenas coberto, sem piso, não podendo ser ocupado; pedem também um posto de saúde no local, entre outras reivindicações que serão elencadas em um documento e entregues a Zeca do PT durante reunião com todos os produtores a ser agendada nos próximos dias.