Pomada suspensa pela Anvisa não assusta trancistas em MS: ‘Mau uso de qualquer produto prejudica’
Anvisa suspendeu a comercialização e uso de pomadas para trançar, fixar ou modelar cabelos
Thalya Godoy –
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Perda temporária de visão, dor de cabeça, coceira e vermelhidão foram alguns dos efeitos indesejáveis que levaram a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a suspender o uso de todas as pomadas para trançar, fixar ou modelar cabelos.
A Resolução nº 475/2023 foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 10 de fevereiro, e justifica a interdição cautelar diante dos “eventos adversos graves relacionados à intoxicação ocular”.
Segundo a Anvisa, os produtos interditados não podem ser distribuídos, comercializados ou expostos para a venda em nenhum tipo de estabelecimento.
A agência publicou a medida após o registro de centenas de queimaduras nas córneas em todo país ligadas ao uso da pomada. No Rio de Janeiro, mais de 130 mulheres deram entrada em hospital. O prazo para a Anvisa terminar a investigação sobre os produtos termina em maio.
A função da pomada é reduzir o frizz ao trançar o cabelo, trazendo melhores resultados com uma divisão limpa e reta para o traçado.
Trancistas não encontram substitutos equivalentes
Entre as profissionais do ramo da beleza de Campo Grande, a suspensão da comercialização e uso da pomada não assustou, pois já tinham ciência dos cuidados necessários com o uso desses produtos e o que poderia acontecer caso tivessem contato com os olhos.
“Sempre orientei quanto aos cuidados nas próximas 48 horas após o procedimento. Já soube de alguns incidentes, mas nunca nessa dimensão ou gravidade. Espero que a Anvisa finalize a investigação e tenhamos produtos mais seguros”, torce a trancista há três anos Alinne Brasil, de 34 anos, da Brads Afro Hair.
A profissional conta que, com a proibição de gel cola e fixadores, ela tem optado pelo uso de gelatinas, que ajudam, mas não têm efeito equivalente aos outros produtos. “Elas [as pomadas modeladoras] têm feito muita falta, pois não há muitas opções que trazer esse mesmo resultado”, ela garante.
Já a profissional da beleza há 25 anos, Cristiane de Almeida, proprietária da Etynias Cabelos & Cia, defende que as pomadas devem ser usadas apenas por profissionais, pois o produto requer técnica e conhecimento para ser manuseado.
“Na minha opinião, qualquer produto de mau uso pode prejudicar, mas isso se refere a quem está manuseando o produto e não ao produto em si. Se formos colocar em pauta produtos de mau uso, vários como shampoo, maquiagem, cremes e até loções terão de ter proibida a venda, mas eles são liberados há anos pela Anvisa”, ela avalia.
Das mais de duas décadas de trabalho, a profissional conta que apenas há três anos usa a pomada para fazer penteados, mas que já faz falta na rotina do salão, após a suspensão. Além disso, ela e nem os clientes tiveram problemas com o uso das pomadas.
“Eu costumo fazer as tranças o mais camuflado possível e sempre com os cabelos bem úmidos, limpos e sem cremes. Sempre trabalhei assim e minhas clientes ficaram satisfeitas, mas notei que a pomada dá sim um acabamento mais limpo sem frizz. Principalmente, quando fazemos a trança nagô, que é a trança raiz”, ela defende.
Uma trancista que preferiu não se identificar também defende que as pomadas devem ser utilizadas por pessoas que saibam o uso correto e admite que ainda utiliza a pomada, caso a cliente deseje, e passa as orientações sobre lavagem e a entrada em piscina, chuva e suor.
“Ainda não existe no mercado nenhum produto que substitua, então aguardo o surgimento desse produto, continuo oferecendo meus serviços com as devidas orientações”, assegura.
A profissional acredita que a proibição da pomada não se trata apenas de uma preocupação com a saúde das clientes, mas uma forma de racismo estrutural, já que a pomada é usada em penteados utilizados, especialmente, pelo público negro.
“Se fosse por saúde, proibiam o uso de formol no alisamento que causa tantos danos à saúde do cliente e do profissional”, ela compara.
Porém, o uso do formol e glutaral em alisantes já é proibido pela Anvisa. Duas mulheres de São Paulo morreram por intoxicação após progressiva com formol nos anos de 2018 e 2019.
Orientações sobre a pomada
De acordo com a Anvisa, os efeitos do uso da pomada são os seguintes:
- Cegueira temporária (perda temporária da visão);
- Forte ardência nos olhos;
- Lacrimejamento intenso;
- Coceira;
- Vermelhidão;
- Inchaço ocular;
- Dor de cabeça.
Quais são as orientações da Anvisa aos consumidores?
- Não use ou adquira os produtos;
- Se fez uso recente, lave os cabelos com cuidado, sempre lembrando de inclinar a cabeça para trás, para que o produto não entre em contato com os olhos;
- Em caso de contato acidental com os olhos, lave imediatamente com água em abundância;
- Em caso de qualquer efeito indesejado, procure imediatamente o serviço de saúde mais próximo de você;
- Em caso de efeito indesejado, notifique o caso à Anvisa. Clique aqui e acesse.
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