Os remédios sem prescrição médica sempre são os alvos dos brasileiros nas drogarias para poder garantir a famosa ‘farmacinha' em casa. Com época de promoções como a Black Friday e de descontos de fim de ano, os moradores acabam se empolgando com as compras e isso pode ser prejudicial para a saúde.

‘Farmacinha' em casa: remédios na promoção são risco para automedicação
Foto: de França, Midiamax

De acordo com pesquisa da Kantar, empresa de levantamento de mercado, os remédios é o segundo produto mais visado pelos brasileiros na semana da Black Friday. A pesquisa apontou que 56% dos brasileiros priorizam o preço dos medicamentos para pensar em comprar durante as ofertas, perdendo apenas para os eletrônicos, com 62%.

Quem resolver “dar um rolê” por Campo Grande encontra facilmente as 321 farmácias com anúncios de promoções. Algumas são ponderadas e explicam que as ofertas são válidas apenas para os produtos de higiene pessoal, outras deixam claro se é apenas essa categoria.

A oferta de medicamentos sem prescrição médica na Black Friday ou Black Week, por exemplo, não foi bem vista pelo CRF-MS (Conselho Regional de de Mato Grosso do Sul). Conforme a presidente do conselho, Drª Kelle Slavec, a população deve tomar cuidado para não fazer estoque de remédios que nunca serão usados.

“Não é porque está barato ou porque está na promoção que as pessoas têm que comprar e fazer um estoque em casa, fazer uma ‘farmacinha'. Medicamento tem prazo de validade, tem alguns com validade curta de seis meses, ou um ano, então se a pessoa não precisa naquele momento, não tem porque comprar”, pontuou a presidente.

‘Farmacinha' em casa: remédios na promoção são risco para automedicação
Foto: Leonardo de França, Midiamax

Além de esclarecer os riscos de comprar os remédios em excesso, Slavec orienta os pacientes a sempre que precisarem se automedicar com os MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrições), deve sempre procurar o farmacêutico para tirar dúvidas e receber a orientação correta.

“A população precisa entender que tem ao seu alcance, nas farmácias, um profissional da saúde especialista em medicamentos, que é o farmacêutico. Se a pessoa for fazer a automedicação, é importante que procure o farmacêutico para que seja feita uma automedicação responsável”, disse a Drª.

Por exemplo, se uma pessoa estiver resfriada e precisar se medicar, os MIPs podem ser prescritos pelo farmacêutico. Como vitamina C, antigripais com paracetamol, dipirona, mas a presidente do conselho esclarece que, caso os sintomas persistem, o paciente deve procurar um médico.

‘Farmacinha' em casa: remédios na promoção são risco para automedicação
Foto: Leonardo de França, Midiamax

Automedicação no Brasil

Uma pesquisa realizada pelo CFF(Conselho Federal de Farmácia), por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

Também foi observado que 22% dos entrevistados que utilizaram medicamentos nos últimos seis meses tiveram dúvidas, mesmo em relação aos medicamentos prescritos, principalmente no que diz respeito à dose (volume e tempo) e a alguma contraindicação contida na bula.

O mais grave é que cerca de um terço dos entrevistados não procurou esclarecer as dúvidas e, desses a maioria parou de usar o medicamento. Depois do médico, a e a bula são as principais fontes de informação para sanar dúvidas relacionadas ao uso de medicamentos. Os farmacêuticos (que prescreveram ou dispensaram o medicamento) foram a quarta fonte mais consultada, tendo sido citados por 6% dos entrevistados.

Ainda em relação ao uso de medicamentos sem prescrição, a frequência da automedicação é maior entre o público feminino. Mais da metade das entrevistadas (53%) informou utilizar medicamento por conta própria, pelo menos uma vez ao mês. Os mais conscientes em relação à importância de se orientar com um profissional da saúde antes de usar qualquer medicamento são os moradores da Região Sul, onde 29% dos entrevistados declaram não utilizar medicamentos por conta própria, sem prescrição.

A maioria das pessoas entrevistadas afirmou que se automedica quando já usou o mesmo medicamento antes (61%). A facilidade de acesso ao medicamento foi outro fator determinante, principalmente entre o público jovem, de 16 a 24 anos (70%).

Familiares, amigos e vizinhos foram citados como os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição, nos últimos seis meses (25%), embora, 21% dos entrevistados tenham citado as farmácias como a segunda fonte de informação e indicação.