Na ‘Capital do Sushi’, especialista alerta para risco de infecções e verminoses

Saber escolher restaurante e vigilância sanitária tem papel fundamental

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Saber escolher restaurante e vigilância sanitária tem papel fundamental

Na 'Capital do Sushi', especialista alerta para risco de infecções e verminoses

São doenças que podem ir muito além de uma simples infecção intestinal ou de uma comida que não ‘caiu bem’. Imagine só: um verme que faz do seu estômago ou intestino morada, sugando dia após dia suas energias. Que tal?

Sim, é assustador. Porém, mesmo assim, os restaurantes continuam lotados, com direito até a clientes fiéis, como Eduardo Nishibi, 36, técnico em computação, que toda semana frequenta um rodízio de sushi da cidade.

“Desde que a moda do sushi emplacou eu frequento restaurantes, acho que conheço todos da cidade”, brinca. “Já tive problema intestinal em um restaurante, mas não me traumatizei, não. Simplesmente escolhi outro, que é até melhor”, comenta Nishibi.

Ficar de olho

Este é, a propósito, o comportamento comum do campo-grandense: se um restaurante não está bom, melhor pular para o outro. Simplesmente. Só que os cuidados que os consumidores de carne crua precisam ter devem ir além.

(Arquivo Midiamax)

Uma boa experiência gastronômica – sem surpresas, dores de barriga, infecções ou vermes no organismo – vai depender basicamente da higiene, manuseio dos alimentos e das condições de conservação das carnes, conforme aponta a doutora em Ciência Animal e professora do curso de Medicina Veterinária da Uniderp, doutora Melissa Amin.

“Sujeitos [a problemas de saúde] sempre estaremos. Mas, como consumidores, devemos observar o local de manipulação desses alimentos, exigindo sempre as boas práticas”, explica a professora.

Uma tendência são as cozinhas com paredes de vidro, que mostram o trabalho dos cozinheiros, o estado da carne condicionada e os hábitos de higiene de cada restaurante. “Se um cozinheiro não está usando a touca, ele pode contaminar sua comida com cabelos ou suor. Por isso, ao visitar um novo restaurante, é possível sempre pedir para visitar a cozinha ou observá-la antes de efetuar o pedido”, conta a técnica em conservação de alimentos, Maria Gontijo.

Os invasores

Entre os ‘invasores’ mais comuns, estão desde bactérias – como a Escherichia coli, Salmonella sp; Listeria sp e a Clostridium perfringens – a outros parasitas como a Taenia saginata (que causa a teníase), Diphyllobothrium latum (comum em peixes de água doce ou salgada) e o Toxoplasma gondii.

Mas há uma nova ameaça, que foi observada ano passado em um homem de 32 anos no Estados Unidos, a aniquíase, cujo relato científico foi publicado no British Medical Journal.

Verme que causa a aniquíase (British Medical Journal/Reprodução)

Segundo o relato, o paciente deu entrada no hospital reclamando de febre, vômitos e fortes dores abdominais há mais de uma semana e somente após uma endoscopia o problema foi identificado: larvas de um parasita do gênero Anisakis, que ‘perfuravam’ o estômago do rapaz. A larva, a propósito, é comum em peixes mal condicionados, como no salmão.

Quer dizer, a incorporação de novos hábitos alimentares (como o sushi – comum no oriente) também devem despertar a atenção do poder público, até porque no caso da aniquíase, não há fármacos que possam combater o verme, somente a retirada cirúrgica.

“O poder público deve efetuar a fiscalização sobre os locais de manipulação dessa matéria-prima, exigindo a implantação e implementação de alguns programas de qualidade, além do curso de Boas Práticas de Manipulação que é exigido pelo poder público municipal”, conclui Amin.

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