50 ligações num só dia: como evitar o ‘pesadelo’ do telemarketing?

A publicitária Fabiane Carneiro, de 29 anos, não teve sossego na última segunda-feira (24), véspera de Natal. O telefone celular dela tocava frequentemente de números desconhecidos. “Estava esperando uma ligação de São Paulo, então atendia sempre. Mas, era telemarketing”, comenta. “Muitas delas ficavam mudas, outras eram gravações e outras eram as próprias atendentes. Quando eu […]

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A publicitária Fabiane Carneiro, de 29 anos, não teve sossego na última segunda-feira (24), véspera de Natal. O telefone celular dela tocava frequentemente de números desconhecidos. “Estava esperando uma ligação de São Paulo, então atendia sempre. Mas, era telemarketing”, comenta. “Muitas delas ficavam mudas, outras eram gravações e outras eram as próprias atendentes. Quando eu reclamava da frequência, desligavam na minha cara. Foram mais de 50 ligações”, conta.

O serviço de vendas por telefone também foi o pesadelo do professor Thiago Aquino, 29 anos, na última quarta-feira (26). “Era o tempo todo, insistente. Eu não estava mais aguentando e perdi a paciência. Cheguei a xingar a atendente. Não era culpa dela, mas eu tinha chegado ao meu limite”, diz o publicitário.

Relatos como os de Thiago e Fabiane mostram que diariamente empresas que vendem serviços por meio do telemarketing cometem excessos. Isso porque existe um limite aceitável: no máximo duas ligações por turno, em horário comercial, ou seja, das 8h às 12h e das 14h às 18h. O que passa disso já é considerado abusivo e desrespeito ao direito do consumidor.

Não é a toa, portanto, que o Brasil tenha sido considerado líder em “ligações spam”, isso devido ao aumento de 81% nas reclamações e bloqueios em relação à 2017, de acordo com dados do app Truecaller: a média é de 37,5 chamadas indesejadas por mês por usuário.

O que fazer para escapar das ‘ligações spam’

50 ligações num só dia: como evitar o 'pesadelo' do telemarketing?
Dezenas de ligações num só dia? A prática é abusiva, segundo o Procon-MS (Foto: Reprodução)

De acordo com o Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor), empresas como operadoras de telefonia, bancos e serviços de TV a cabo são as campeãs de reclamações em Mato Grosso do Sul. Em setembro deste ano, por exemplo, a operadora Vivo figurava em primeiro lugar, mas apenas com 18 reclamações, seguida do banco BMG, com 12 denúncias.

Os números dos abusos, no entanto, devem ser bem maiores, já que o Procon-MS trabalha estatisticamente só com as reclamações formalizadas – o que normalmente ocorre quando esgotam-se todas as alternativas, como por exemplo o serviço de bloqueio de chamadas – o Bloqtel.

O serviço promete trazer sossego a quem é importunado pelo assédio dos atendentes de telemarketing. A ferramenta é 100% gratuita, disponibilizada no site da superintendência e proporciona o bloqueio da linha telefônica às centrais de vendas. Para tanto, basta preencher o cadastro que as ligações, via de regra, cessarão.

“É muito importante que os consumidores usem esse serviço para evitar o desgaste das reclamações e até mesmo para que o não sofra o constrangimento da publicidade abusiva. Além disso, caso a pessoa que peça o bloqueio das ligações não seja atendida num prazo máximo de 30 dias, ela pode registrar uma denúncia e a empresa poderá receber multa que varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil, e que pode ser dobrada em caso de reincidência”, explica Marcelo Salomão, superintendente do Procon-MS.

Números do abuso

De 27 de dezembro de 2018, 9.562 usuários já recorreram ao Bloqtel para cadastrar um total de 20.697 números de telefone, dos quais 19.492 seguiram bloqueados. De acordo com os dados da plataforma, 599 fornecedores de serviço foram cadastrados e apenas 11 autorizações (quando o consumidor quer permitir que alguma operadora específica volte a entrar em contato) foram concedidas. Devido à reincidência de algumas empresas, 1.579 denúncias foram formalizadas posteriormente – o que pode ser feito no próprio site do Bloqtel.

Para a designer de interiores Laís Souza, de 31 anos, o Bloqtel foi a solução. “Um alívio. Porque a importunação era absurda. Estava atendendo clientes e quando via tinha 15, 20 ligações não atendidas no celular. É um tipo de abuso que a gente não sabe lidar, perde a paciência. Com o serviço do Procon o problema acabou”, revela.

Também cadastrada na plataforma, o vendedor Inácio Ikeda, 41, afirma que conseguiu finalmente trabalhar em paz. “O telefone tocava o tempo todo enquanto eu estava atendendo um cliente. O gerente olhava, celular no silencioso e vibrando na mesa. Era muito desgastante. Quando soube do serviço, cadastrei e nunca mais tive problemas”, relata.

Outras alternativas

Além do Bloqtel, existem aplicativos para smartphones que promovem o bloqueio de números indesejados. O Truecaller é um deles. Disponível para iPhone e Android, o app deixa a agenda telefônica mais inteligente, adiciona fotos, identifica números desconhecidos e, de quebra, permite bloqueio de números. O download é gratuito.

Já o Whoscall, que também está disponível para as duas plataformas e é gratuito, permite que o smartphone identifique instantaneamente as chamadas de números desconhecidos, antes mesmo que o usuário atenda o celular. O bloqueio de chamadas e mensagens de texto indesejadas também é possível a partir do app.

Serviço – Bloqtel
http://www.bloqtel.ms.gov.br/

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