Ele alega que os proprietários não prestaram atendimento

Um advogado que se hospedou na pousada ‘Sol Amarelo', em Dois Irmão do Buriti – distante 84 km da Capital – foi indenizado em R$ 2.500,00 pela Justiça de Mato Grosso do Sul. Ele processou a pousada após ser picado por um escorpião enquanto dormia, e a decisão aconteceu quase 3 anos após o pedido. Além disso, alega ter sofrido negligência dos proprietários, que não teriam prestado atendimento.

“O mesmo fora até a portaria para pedir socorro, porem para sua surpresa não havia absolutamente nenhum funcionário no local, então percorreu toda pousada atrás de algum funcionário, fora até as piscinas, restaurante e etc.., e não localizou ninguém, inclusive fora efetuada ligação ao Corpo de Bombeiros para obter informações sobre os procedimentos a serem tomados”, alega, nos autos.

A ‘via sacra' do cliente para encontrar atendimento, segundo explica, não parou ali. Ele afirma ter ficado 30 minutos procurando um funcionário, e acabou indo ao hospital por conta própria, localizado a 30 km da cidade de Aquidauana.

“Ao chegar na porteira da pousada, mais uma surpresa a mesma estava fechada com cadeado e também não tinha ninguém no local, não conseguindo novamente ir à procura de socorro, retornando novamente a recepção, mesmo com gritos e ligando o alarme do carro somente após cerca de 40 minutos do ocorrido apareceu o cozinheiro, ressaltando que a pousada é bem grande, depois dessa peregrinação ao informar o cozinheiro o ocorrido o mesmo disse apenas que poderia abrir o portão, pois não tinha ninguém ali para prestar socorro”, alega.

O pedido de por danos morais foi protocolado no dia 27 de outubro de 2014.

O que diz a pousada

A ‘Sol Amarelo' negou a situação relatada pelo advogado e apresentou uma versão diferente nos autos. Para o estabelecimento, a pousada “está localizada na zona rural do município de Dois Irmãos do Buriti, estando sujeita ao aparecimento dos mais diversos tipos de animais, insetos ,e, outros. Os hóspedes, logo da sua chegada à Pousada, são orientados a manterem os seus apartamentos sempre vedados, mantendo a porta, janela e ralos fechados, quando não estiverem em uso, a fim de evitar a entrada ou aparecimento de insetos”.

“Além disso, como em todo e qualquer Hotel a limpeza é realizada 01 (uma) vez ao dia. Ainda, periodicamente, é promovida a desinsetização, desratização e limpeza de caixa D'água. Ao contrário do que alega o Autor, o ‘cozinheiro' que ele alega ter-lhe atendido, é o Sr. Luiz, proprietário da Pousada”, comenta.

Segundo a defesa do estabelecimento, o proprietário atendeu o advogado logo após ouvir o alarme do carro, “pois o seu apartamento fica ao lado do estacionamento”. A defesa ainda afirmou que ao oferecer carona até o hospital, o proprietário recebeu uma negativa do advogado.

“Ao contrário do que alega o Autor, a Requerida tentou entrar em contato com o mesmo, por celular, e não conseguiu por conta da bateria do celular do Autor estar arreada. A Requerida conseguiu falar no Pronto socorro do Hospital de Aquidauana, e, fora informada de que o Autor já havia sido atendido e já estava medicado. O Autor quer passar uma falsa idéia de total descaso e descompromisso da Requerida para com os seus hóspedes, quando isso não é verdade. Portanto, os fatos da forma como foram colocados pelo Autor não condizem com a realidade ficando totalmente impugnados”, afirma.

Decisão

Para o juiz Ariovaldo Nantes Correa, titular da 8ª Vara Cível, mesmo que se reconheça que se tratava de situação em que o advogado estava mais suscetível ao ataque de animais e insetos, um hóspede ser picado por um escorpião não é uma situação “normal”.

“Cabia à requerida, por ser exploradora remunerada da atividade hoteleira, dispor de maiores cuidados com a segurança do local que disponibiliza para o descanso de seus hóspedes, minimizando as possibilidades de acidentes como o sofrido pelo requerente”, afirmou.