Já imaginou passar meses sofrendo de rouquidão e dificuldade para cantar e até mesmo falar? Foi o que aconteceu com a professora de música Alany Steiner. Um problema no útero levou a musicista a rouquidões frequentes e dificuldade de manter até mesmo a afinação ao cantar.
“Eu ficava constantemente rouca e eu achava que era por conta do trabalho. Fui em alguns médicos para tentar entender o que estava acontecendo, fiz alguns tratamentos, exercícios específicos com fonoaudióloga para poder ajudar nesse processo”, conta a professora.
No entanto, o problema de saúde não se limitava à voz. “Eu estava com problema no útero, que cresceu muito. Tive então que realizar uma histerectomia (retirada completa do útero), mas, até eu saber o que estava acontecendo, passaram meses”, completa.
Ela relata que, devido ao crescimento anormal do útero, ele apertava o diafragma, o que automaticamente causava desconforto no esôfago, deixando-a rouca constantemente.
Segundo o médico otorrinolaringologista Alexandre Cury, a voz é produzida graças à junção do ar com a movimentação muscular.
“A voz é produzida pelas cordas vocais, ou pregas vocais, e elas são uma dupla que fazem um V no pescoço. Elas se movimentam abrindo e fechando e, com isso, essa fricção entre elas, unido à respiração e à musculatura do pescoço, ocorre a produção do som”, explica o médico.
Grupos de risco

Ao exercer essa ação que é tão natural, no entanto, algumas pessoas correm mais risco de enfrentar problemas com a voz. Professores, vendedores, pessoas que fazem atendimento ao público, cantores, entre outros, usam mais a voz.
Ao fazerem isso sem alguns cuidados, podem gerar nódulos, pólipos ou calos vocais, assim como “machucados” nas pregas vocais.
Além disso, uma condição eleva ainda mais a possibilidade de problemas sérios de voz: o tabagismo e a ingestão de bebida alcoólica.
“O cigarro, principalmente, é um agressor. As cordas vocais são um músculo que ficam abrindo e fechando, e elas antecedem a traqueia, antecedem o pulmão. Então, todo o ar inalado quente vai estar passando pelas cordas vocais, o que estará gerando um processo inflamatório”, detalha o especialista.
“Já a bebida alcoólica, muitas vezes, ela é potencializadora porque acaba provocando alguns outros sintomas, como refluxos, que vão agredindo as cordas vocais”, pontua Cury.
Problema da rouquidão
O médico ainda explica que o hábito de pigarrear para aliviar sintomas de rouquidão provoca agressão nas cordas vocais.
“A gente acha que está melhorando a voz, mas estamos friccionando as cordas vocais, machucando a longo prazo. Por isso, tanto em caso de pigarro, quanto de uma rouquidão a longo prazo, ou seja, por mais de sete ou 10 dias, é necessário uma investigação”, alerta o otorrino.
Exames simples ajudam nessa investigação, como a laringoscopia, um exame que usa um aparelho para visualizar as estruturas da laringe, incluindo as cordas vocais.
Nos fumantes, a rouquidão muitas vezes está atrelada à entrada da fumaça do cigarro. “Essa fumaça pode gerar inchaço nas cordas, que a gente chama de Edema de Reinke, gerando casos cirúrgicos e até mesmo um processo de câncer nas cordas vocais. E, dependendo do quadro, a gente pode estar falando até mesmo em retirar essas cordas vocais, e aí a pessoa fica sem voz”, detalha o médico.
No entanto, mesmo aqueles que não estão no grupo dos fumantes, não estão livres de problemas com a voz. Uma medida fundamental, válida para todo mundo, é uma velha conhecida: ingestão de água.

“Por que a maçaneta começa a ranger? Porque ela começa a ficar sem lubrificação. Então estou falando de lubrificar minhas cordas vocais constantemente, estar sempre molhando, porque assim, ao engolir a água, vai estar lubrificando as pregas vocais”, orienta Cury.
Essa é uma estratégia muito usada pela professora Alany. Responsável por corais infantis, aulas de canto e piano, com cerca de 20 anos de trajetória profissional, a especialista não abre mão da hidratação, e ainda compartilha outras estratégias, que listamos abaixo.
Confira dicas para preservação da voz
- Ingerir água constantemente, para lubrificar as cordas vocais;
- Tentar poupar a voz aos finais de semana e fora do expediente;
- Ingerir mais fibras, alimentos mais naturais, e evitar muitos derivados de leite porque eles causam muco nas pregas vocais, fazendo com que a gente pigarreie e acabe falseando a voz;
- Ingerir maçã. “A gente sempre fala da maçã porque ela é fibrosa, então o mastigar da maçã já estimula as pregas vocais”, explica a professora Alany.
- Aquecer a voz com exercícios vocais antes de atividades que vão exigir muito uso das cordas vocais;
- Para quem dá aulas, tentar não alterar o tom da voz, falando num tom mais grave, evitando gritar no agudo porque isso ajuda a poupar as cordas.
“As pregas vocais fazem um movimento de vibração. Quando você começa a falar um pouco mais alto, elas começam a bater uma na outra. Imagina se eu batesse minha mão constantemente uma na outra, muito forte? Eu iria agredir as mãos. Isso acontece com as pregas vocais quando a gente começa a falar muito alto”, finaliza a professora de canto.
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