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Cotidiano

Após fala transfóbica de médico, grupo realiza manifestação em frente à clínica em Campo Grande

O crime foi registrado na Depac
Jennifer Ribeiro, Layane Costa -
Protesto contra transfobia (Madu Livramento, Jornal Midiamax)

Na tarde desta quarta-feira (5), um grupo de moradores se concentraram em frente a uma clínica particular para protestar falas transfóbicas de um médico a uma paciente na noite de terça-feira (4). A vítima, uma mulher transexual de 46 anos, afirma que o profissional se recusou a entregar os resultados de seus exames alegando apresentação de documento falso.

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Conforme o boletim de ocorrência, ao negar continuação no atendimento, o médico teria dito ‘você não é mulher, você é homem’, e questionado o porquê da paciente se apresentar com um nome feminino.

Revoltada com a situação, a vítima convocou amigos e familiares para participarem do protesto. O movimento busca cobrar posicionamento da unidade médica mediante a conduta do profissional.

“Ele me acusou de falsidade ideológica, falou que eu não era mulher, era um homem. Depois, quando chamei minha irmã, ele fez ofensas racistas e misóginas contra ela. Ele pegou as coisas dele e fugiu. Falei pra ele: ‘vai fugir, doutor?’. Aí eu me questiono: por que ele não chamou a polícia? Se eu estou sendo acusada de falsidade ideológica, por que ele não quis chamar a polícia? Mas foi isso o que fizemos. Nós sofremos ofensas racistas, transfóbicas e misóginas. A polícia veio aqui e a gerente desceu, ‘passando o pano’ para o opressor”, explica a vítima.

“E se fosse um indígena, se fosse outra travesti? O que aconteceu comigo ontem é um aviso que vai acontecer com as outras amanhã”, lamenta.

Protesto cobra retratação e respeito por comunidade

Conforme a irmã da vítima, Cynthia Ribeiro Pereira, de 43 anos, ela fraturou a vértebra após uma queda e teve complicações internas. O exame de ultrassonografia era importante para continuidade de seu tratamento. “Quando ela saiu da sala, não acreditei. Ela tem resistência de ir ao médico e ontem descobri o motivo. Aí caiu a minha ficha do porquê ela não queria fazer o exame, era o medo de ser tratada mal”.

A professora e artista Emy Mateus Santos, de 25 anos, também compareceu ao protesto e espera que agora, após a manifestação do grupo, o médico seja responsabilizado.

“Ela veio para ser cuidada e acabou violentada, mais uma vítima de preconceito em um espaço que era para ela encontrar cuidado. Eu acho que o espaço deveria se responsabilizar, prestar solidariedade a ela e tomar uma postura contra o médico que fez isso”, pontua.

A psicóloga Ladielly de Souza Silva, 28 anos, também esteve no local prestando solidariedade. “Eu vim aqui em apoio a ela. Foi uma série de violações contra ela dentro de um consultório, é um absurdo essa situação, um crime de ódio. Saber que uma pessoa foi desrespeita e violentada mexe com todas nós”.

Em nota, a Associação das Travestis e Transexuais de manifestou repúdio mediante a conduta do médico. “A LGBTfobia é uma forma de violência que perpetua o ódio, a exclusão e a desumanização de indivíduos que simplesmente desejam viver suas vidas com dignidade e respeito. O caso de Loren é um lembrete doloroso de que ainda temos um longo caminho a percorrer na luta por igualdade e respeito aos de todos”.

Após a concentração, a vítima foi chamada para uma reunião com a gerente administrativa da clínica. Conforme a responsável, a clínica não compactua com tal comportamento. Assim, o médico, que é terceirizado, teve a agenda suspensa para apuração do caso.

Posicionamento da clínica

Para a reportagem, a clínica manifestou “total repúdio com a situação recente ocorrida no dia 04 de fevereiro de 2025, entre paciente e médico nas dependências desta clínica e qualquer forma de discriminação, violência ou preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+”.

Pontuaram ainda que o compromisso da entidade é a “promoção da igualdade, do respeito e da diversidade, princípios fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”. Afirmaram também que “a empresa tomará as medidas cabíveis para que tal ato não ocorra posteriormente”.

“Reforçamos que o Grupo não tolera e não tolerará qualquer ato discriminatório dentro de nossos espaços e em nossa sociedade como um todo. Comprometemo-nos a continuar promovendo ações que garantam um ambiente seguro e respeitoso para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero,
orientação sexual, cor da pele ou diversidade étnica”.

CRM-MS

Procurado pela reportagem, o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) informou que todas as denúncias recebidas são devidamente apuradas, seguindo os procedimentos estabelecidos na legislação vigente.

Após o recebimento da denúncia, é instaurada uma sindicância para a devida análise dos fatos. Na sequência, são conduzidas as investigações necessárias e adotadas as providências cabíveis, assegurando a e o rigor ético na condução do processo.

“O CRM/MS reafirma seu compromisso com a fiscalização do exercício profissional e a preservação da ética médica em benefício da sociedade”.

*Matéria atualizada no dia 05 de fevereiro, às 17h57, para acréscimo de nota da clínica.

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