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Cotidiano

​117 anos da imigração japonesa: 3ª maior colônia no Brasil, MS tem legado de influências socioculturais

Data é celebrada com especial intensidade em Campo Grande, cidade que ostenta a terceira maior colônia japonesa do Brasil e que se tornou um pilar da cultura nipônica no Centro-Oeste
Osvaldo Sato -
Influência japonesa se faz presente com a preservação de manifestações culturais e esportivas. (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Em 18 de junho, o Brasil marca 117 anos da chegada do navio Kasato Maru, que em 1908 aportou em Santos trazendo os primeiros imigrantes japoneses ao país. Esta data, que simboliza o início de uma das mais ricas e influentes histórias de imigração em solo brasileiro, é celebrada com especial intensidade em . A cidade ostenta a terceira maior colônia japonesa do Brasil, a qual se tornou um pilar da cultura nipônica no Centro-Oeste.

O Kasato Maru partiu de Kobe com 781 imigrantes a bordo. Após mais de 50 dias de travessia, o navio atracou em Santos. Assim, deu-se início à formação de uma comunidade que transformaria a paisagem social, econômica e cultural brasileira. Destes, mais da metade eram oriundos da província de Okinawa, arquipélago formado por dezenas de ilhas ao sul do Japão.

Okinawa, por sua vez, foi um reino independente até 1879, chamado de Ryukyu, com fortes laços e influência chinesa. Menos de 30 anos após sua integração ao Japão, os okinawanos embarcaram para o Brasil, trazendo consigo uma cultura vibrante, uma língua própria (o uchinaguchi) e tradições únicas que se mesclariam com a cultura brasileira.

Depois do Kasato Maru, diversos outros navios trouxeram milhares de imigrantes ao país, que começaram a se estabelecer no estado de . Então, em 1914, muitas famílias rumaram para o Centro-Oeste, atraídos pelas oportunidades de trabalho na construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Muitos optaram
por permanecer na cidade de Campo Grande após a conclusão das obras.

Okinawa

A forte presença okinawana moldou profundamente a identidade da comunidade japonesa em Campo Grande. O próprio sobá, prato icônico da culinária campo-grandense e patrimônio imaterial da cidade desde 2004, tem suas raízes em sabores okinawanos. Além dele, pratos como a sopa de cabrito também são heranças dessa rica gastronomia. No esporte, a influência se manifesta no karatê, arte marcial milenar criada em Okinawa no século XV, que encontrou terreno fértil na capital sul-mato-grossense.

Eduardo Kanashiro, presidente da Associação Okinawa de Campo Grande, destaca a relevância dessas contribuições. “No esporte, nós temos o karatê, que é originário de Okinawa. Na cultura, citar a prática do taiko. Na alimentação, com certeza, é o sobá, que caiu no gosto do campo-grandense e se tornou patrimônio imaterial da cidade”, destacou.

Assim, duas associações se estabeleceram em Campo Grande para manter e fomentar a cultura japonesa na cidade. São elas: a Associação Okinawa de Campo Grande, localizada na Rua dos Barbosa, no Bairro Amambai; e a Associação Nipo-Brasileira de Campo Grande, na Rua Antônio Maria Coelho, com, sede campo na Avenida João Arinos.

Ambas levam consigo, porém, essa missão de manter as tradições milenares trazidas do Japão, em manifestações que se revelam em ritos e festas, como o Obon Odori (rito em agradecimento à colheita e aos antepassados) e o Undokai (gincana esportiva entre famílias).

Há ainda associações e clubes que promovem a prática de esportes que fazem parte da cultura japonesa, como o beisebol, gateball, judô e karatê. Na região do Bairro Pioneiros, a Associação Campo-Grandense de Beisebol e Softbol tem grande parte de seus adeptos de descendentes de japoneses, ainda que a prática seja aberta a qualquer interessado.

(Fotos: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Visita real

A importância de Campo Grande para a comunidade nipo-brasileira foi recentemente sublinhada pela visita da princesa Kako de Akishino, princesa imperial do Japão. Ela chegou à cidade no último dia 10, como parte das celebrações dos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão.

A comunidade nipo-brasileira da capital sul-mato-grossense a recebeu com uma cerimônia de boas-vindas. Então, a princesa visitou locais emblemáticos, como a Escola Visconde de Cairu, que desde 1918 atende filhos de imigrantes japoneses.

Após sua passagem por , a princesa seguiu para Brasília, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu. Assim, na viagem, encontrou-se com membros da comunidade nipo-brasileira em todas as cidades.

Nesta quarta-feira, a Associação Nipo-Brasileira de Campo Grande realiza, também como parte das comemorações pelo Dia da Imigração Japonesa, um culto ecumênico. A solenidade ocorre na sede campo da Associação, localizada na saída para Três Lagoas.

Mostra de Cinema

Ainda como parte das celebrações do mês da imigração japonesa, o MIS (Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul) promove, de 16 a 18 de junho, a Mostra de Cinema Japonês. Com entrada gratuita e sessões seguidas de debates, a mostra exibe clássicos e contemporâneos do cinema japonês, com curadoria dos especialistas Celso Higa, do IHGMS (Instituto Histórico e Geográfico de MS), e Júlio Bezerra, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ().

A programação inclui filmes aclamados, como “A Balada de Narayama” (vencedor da Palma de Ouro em Cannes), “Tabu” e “Sob o Céu Aberto”, oferecendo um mergulho na rica cinematografia nipônica e fomentando o diálogo sobre temas universais.

A celebração dos 117 anos da imigração japonesa não é apenas um resgate histórico, mas um reconhecimento vivo do legado deixado por esses pioneiros. Em Campo Grande, esse legado se manifesta na gastronomia, nas artes marciais, nas tradições culturais e na vibrante comunidade que continua a fortalecer os laços entre Brasil e Japão.

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